15ª Mostra Unifor de Cinema leva 18 produções de alunos para exibição gratuita no Cinema do Dragão

Olhares sobre o Brasil contemporâneo tomam conta da tela na 15ª Mostra Unifor de Cinema, que ocorre nesta semana, entre os dias 12 e 15 de novembro, no Cinema do Dragão. O evento reúne 18 produções de jovens estudantes de cinema e ilustra a nova safra de profissionais que se forma no Ceará

Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br

Produções feitas pela próxima geração de cineastas do Ceará ganham destaque na 15ª Mostra Unifor de Cinema (MUC), que começa amanhã (12), sempre às 19h, no Cinema do Dragão, em Fortaleza, com entrada gratuita. Realizada pelo curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza (Unifor), a mostra adota o tema Cinema em tempos de Brasil e reúne 18 curtas-metragens de estudantes da graduação, exibidos em três sessões seguidas de debate. No encerramento, a programação presta homenagem ao documentarista Eduardo Coutinho com a exibição especial de “Cabra Marcado para Morrer” (1984).

A curadoria da 15ª edição, assinada por Ana Paula Vieira, Bruno Juru e Valdo Siqueira, costura essa diversidade de olhares e propõe encontros entre poéticas e linguagens. Na sessão Transe da Subjetividade (12/11), curtas entrelaçam luzes, rezas e memórias; em Imagens de Pertencimento (13/11), as obras abordam identidade e território em diferentes registros; e em Mundos em Deriva (14/11), o público encontrará narrativas fabulares e subjetivas, que exploram desejo, invenção e imaginação. “Queremos que o público reconheça o cinema universitário como espaço de experimentação estética e política. A mostra é uma vitrine, mas também um espelho do Brasil que nossos estudantes enxergam”, explica Ana Paula.

O tema da mostra também homenageia o crítico e teórico Jean-Claude Bernardet, falecido em julho deste ano, autor do livro “Brasil em tempos de cinema”, obra que inspirou o título da MUC. “A referência à obra dele é uma convocação à memória da nossa experiência audiovisual. Chegamos até aqui através de um processo coletivo, com dezenas de artistas envolvidos em mais de 100 anos de história”, afirma Bete Jaguaribe, coordenadora do curso e idealizadora da Mostra.

Ainda segundo ela, o tema escolhido propõe uma reflexão sobre como os jovens diretores têm narrado o País a partir de suas experiências e inquietações. “O cinema brasileiro, especialmente as produções realizadas no Nordeste, vive um momento de grande potência criativa. Neste contexto, temos jovens realizadores fazendo suas primeiras produções, construindo suas trajetórias, que, obviamente, são tensionadas pelas questões da cultura contemporânea. Queremos colocar essas experiências numa perspectiva histórica, para debater o cinema que fazemos atualmente”, detalha Bete.

Novos talentos

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Entre nós e linhas, de Ariel Arraes, também está na agenda (Foto: Divulgação)

Entre as produções selecionadas, um dos destaques é “Entre nós e linhas” (2024), curta documental dirigido por Ariel Arraes, que integra a sessão de abertura Transe da Subjetividade. O filme investiga, por meio de imagens e narrativas íntimas, os laços afetivos entre mulheres de diferentes gerações de uma mesma família. Com uma linguagem poética e fragmentada, Ariel transforma o gesto cotidiano de costurar e bordar em metáfora para os vínculos que atravessam o tempo. “É um tema muito pertinente para a cultura cearense, pois traz luz para a realidade de muitas artesãs que, muitas vezes, não têm suas histórias verdadeiramente contempladas no audiovisual. Especialmente no caso da renda, que é tratada mais como elemento cultural distante do que como algo feito por nós, presente na realidade”, diz Ariel.

O curta foi produzido dentro do Cine Experiência LAB, laboratório acadêmico do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor que estimula estudantes a desenvolverem projetos autorais de longa duração, com orientação de professores e profissionais convidados. “Inicialmente, o projeto foi desenvolvido para a disciplina Poéticas do Real I, ministrada pelo professor Isaac Pipano, e posteriormente filmado e montado na disciplina seguinte, Poéticas do Real II, ministrada pela professora Joice Scavone. Inclusive, foi um dos nossos primeiros documentários, então esse foi o nosso primeiro desafio”, explica.

Além de “Entre nós e linhas”, a MUC apresenta filmes que atravessam diferentes linguagens e estéticas — da ficção à animação, do humor à experimentação poética. São produções como “Lascívia” (2025), de Júlia Moreira, que explora a sensualidade sob uma ótica feminina; “O Que Nos Resta” (2024), de Lobo La Loba, que articula cinema e sustentabilidade comunitária; e “Koisa de Preto” (2025), de Mariana Costa, que reflete sobre identidade racial e pertencimento.

O encerramento da programação, no sábado (15), será marcado pela exibição do clássico “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho — uma das obras mais reconhecidas da cinematografia brasileira. Para Bete Jaguaribe, incluir o documentário no evento é um gesto simbólico. “É uma forma de colocarmos o nosso cinema contemporâneo numa perspectiva histórica, num gesto de reconhecimento da experiência cinematográfica do País, que é extraordinária, repleta de premiações, mas pouco vista pelos próprios brasileiros e brasileiras”, observa.

serviço

15ª Mostra Unifor de Cinema
De 12 a 15 de novembro
de 2025, às 19h
Cinema do Dragão
(Rua Dragão do Mar, 81,
Praia de Iracema)
Entrada Gratuita

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