Claudia Cardinale, uma das maiores estrelas do cinema europeu e símbolo do glamour do pós-guerra, morreu aos 87 anos, segundo informações da AFP e de veículos franceses. Dona de uma carreira que atravessou mais de seis décadas, a atriz marcou gerações com papéis que iam da intensidade dramática ao charme sofisticado, consolidando-se como um dos rostos mais inesquecíveis das telas.
Criada na Tunísia em uma família siciliana, Cardinale entrou no cinema em 1957 após vencer um concurso de beleza em Túnis que lhe garantiu uma viagem ao Festival de Veneza. Apesar das barreiras iniciais — como a necessidade de dublagem nos primeiros filmes devido ao sotaque —, logo ganhou notoriedade. O reconhecimento internacional chegou em 1963, quando brilhou em “8½”, de Federico Fellini, e em “O Leopardo”, de Luchino Visconti, filmes que a colocaram no patamar das grandes divas da época.
Nos anos seguintes, abriu espaço em Hollywood, estrelando produções como “A Pantera Cor-de-Rosa” (1968), de Blake Edwards, e “Era Uma Vez no Oeste” (1968), de Sergio Leone. Mesmo enfrentando períodos turbulentos na carreira, como o boicote promovido pelo ex-marido e produtor Franco Cristaldi, foi resgatada por nomes como Franco Zeffirelli e seguiu trabalhando com grandes cineastas europeus, entre eles Werner Herzog e Marco Bellocchio.
Com voz rouca, personalidade firme e vida marcada por independência, Claudia Cardinale tornou-se também símbolo de ousadia, chegando a desafiar protocolos do Vaticano e cultivando amizades com figuras da política francesa. Nos anos 2000, dedicou-se ao teatro e continuou atuando até a maturidade, com destaque para sua participação no filme suíço “Bulle”, em 2020.
Homenageada com o Urso de Ouro honorário no Festival de Berlim em 2002, Cardinale refletiu sobre sua trajetória com emoção: “Vivi mais de 150 vidas – prostituta, santa, romântica, todo tipo de mulher. Trabalhei com os diretores mais importantes. Eles me deram tudo”.
