Diva do pop, ícone da moda, símbolo da libertação sexual feminina e aliada da comunidade LGBTQIAPN+, a artista está celebrando 67 anos neste sábado (16). Tapis Rouge revisita a trajetória da estrela que revolucionou o entretenimento, rompeu tabus e se mantém relevante após mais de quatro décadas de carreira
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br
Em discurso na cerimônia do Billboard Women in Music de 2016, Madonna, ao receber o troféu de “Mulher do Ano”, entoou com toda majestade: “As pessoas dizem que eu sou muito controversa, mas acho que a coisa mais controversa que eu já fiz foi continuar por perto”. Desde esse momento histórico, quase 10 anos se passaram, e Madonna permanece ativa, criativa e potente. Completando 67 anos de vida neste sábado (16), e com uma carreira que ultrapassa quatro décadas, Madonna é – e para sempre será – uma das maiores e mais relevantes artistas do mundo. Seja pela capacidade de dialogar com novas gerações ou pela influência direta em artistas contemporâneos, a cantora segue como referência na música, na moda, na arte e no cinema. Viva Madonna Louise Veronica Ciccone!
Trajetória
A estreia da norte-americana na indústria musical aconteceu em 1983, com o álbum autointitulado “Madonna”. Com o trabalho, a artista rapidamente ganhou destaque, emplacando os hits “Holiday” e “Lucky Star”. As canções abriram caminho para uma sequência de álbuns icônicos que marcaram os anos 1980, como “Like a Virgin” (1984), “True Blue” (1986) e “Like a Prayer” (1989) – este último um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos. Misturando ousadia estética, provocação e inovação sonora, a diva pop se sobressaiu pela capacidade de transformar a imagem a cada nova era.
Nos anos 1990, a artista continuou a reinventar-se artisticamente, com projetos mais experimentais como “Erotica” (1992) e “Bedtime Stories” (1994), até alcançar um novo auge com “Ray of Light” (1998), álbum que uniu espiritualidade e música eletrônica, e lhe rendeu aclamação da crítica. A partir dos anos 2000, seguiu atualizando sua sonoridade, com os discos “Music” (2000), American Life (2003), “Confessions on a Dance Floor” (2005), e Hard Candy (2008).
Já na década passada, a americana trouxe à tona trabalhos ainda mais controversos e disruptivos. O primeiro deles, “MDNA” (2012), chocou conversadores ao fazer alusão ao Ecstasy, também chamado de “MDMA”. Madonna se aproveitou da semelhança da nomenclatura da substância com a da abreviação de seu nome para, mais uma vez, provocar através da arte. “Rebel Heart” (2015) e “Madame X” (2019) vieram em seguida, reafirmando a posição de cantora como uma das principais artistas de todos os tempos.
Ao todo, a cantora, dona de diversos números #1 nas paradas musicais, como “Material Girl”, “La Isla Bonita”, “Like a Prayer” e “Vogue”, já vendeu mais de 400 milhões de obras musicais em todo o mundo, sendo a artista feminina mais bem sucedida em vendas de todos os tempos, segundo o Livro dos Recordes. Madonna também é a solista mais bem sucedida da história da Billboard Hot 100 e a primeira mulher a acumular mais de 1 bilhão de dólares em receitas de shows, além de deter outros inúmeros feitos.
Pedido ao Papa
Na segunda-feira (11), dia em que comemorou o aniversário de 25 anos do filho Rocco, Madonna usou as redes sociais para fazer um apelo ao Papa Leão XIV. A cantora pediu que o pontífice vá pessoalmente à Faixa de Gaza para ajudar as crianças afetadas pelos impactos da guerra e da fome na região. “Por favor, vá a Gaza e leve sua luz às crianças antes que seja tarde demais. Como mãe, não posso suportar ver o sofrimento delas”, escreveu a artista na mensagem. Madonna ainda destacou que as crianças “pertencem ao mundo inteiro” e afirmou que a presença do Papa seria “a única entrada que não poderia ser negada”.
A artista também requisitou que “as portas humanitárias sejam abertas imediatamente”, ressaltando que “não há mais tempo para esperar”. Madonna finalizou o comunicado esclarecendo que não estava tomando partido no conflito. “Não estou culpando ninguém, nem tomando lados. Todos estão sofrendo, inclusive as mães dos reféns”, pontuou. Segundo a “Rainha do Pop”, seu apelo tem como objetivo principal evitar que mais crianças morram de fome na região.
Copadonna
Madonna cravou mais um marco em sua trajetória ao ser a primeira atração do mega show “Todo Mundo no Rio”, promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro em maio de 2024. A apresentação, realizada na icônica Praia de Copacabana, reuniu mais de 1,6 milhão de pessoas, segundo dados da Riotur – tornando-se o maior show da carreira da artista e consolidando a artista, à época, como a cantora com o maior público em uma única apresentação na história. O espetáculo grandioso marcou o encerramento da “The Celebration Tour”, digressão comemorativa pelos 40 anos de carreira da Rainha do Pop.
A performance foi repleta de momentos emocionantes e referências brasileiras. Um dos destaques foram as participações especiais da cantora brasileira Anitta, que dividiu o palco com Madonna em “Vogue”, e da Drag Queen Pabllo Vittar, que se juntou à diva no número de “Music”, ao lado de ritmistas mirins de escolas de samba. Além de histórico, o show teve impacto significativo na economia da cidade, com retorno estimado de mais de R$ 300 milhões para o Rio de Janeiro, segundo a prefeitura.
MDNA no streaming
Madonna está prestes a revisitar sua própria história, mas desta vez longe dos palcos. A artista, que já protagonizou diversos filmes ao longo da carreira, agora se prepara para lançar um projeto biográfico em formato de minissérie na Netflix. O desenvolvimento do projeto conta com a participação do diretor Shawn Levy, conhecido por trabalhos como “Deadpool & Wolverine” (2024). A obra sobre a trajetória da cantora foi inicialmente concebida como um longa-metragem, com produção da Universal Pictures. No entanto, o estúdio acabou descartando o projeto. Diante das dificuldades enfrentadas durante a fase de pré-produção, incluindo sugestões para reduzir o escopo da história, Madonna optou por reformular a proposta como uma minissérie.
O futuro é dance-pop
A cantora também está prometendo reviver uma das fases mais aclamadas da carreira com o próximo e aguardado álbum de estúdio. A popstar trabalha em seu 15º disco ao lado do produtor Stuart Price t também responsável por “Confessions on a Dance Floor” (2005), disco que trouxe clássicos modernos como “Hung Up”, “Sorry” e “Jump”. O novo projeto ainda não tem título oficial, mas Madonna já deu pistas de que se trata de uma continuação simbólica do COADF, ou “Confessions Part 2”, como ela mesma sugeriu em uma legenda no Instagram.
As fotos em estúdio e a presença de Price, que também atuou como diretor musical da recente turnê “Celebration”, reforçam a ideia de que a cantora pretende revisitar a estética disco-eletrônica com uma abordagem contemporânea. Sem data de lançamento confirmada, há especulações de que o álbum possa chegar em novembro, coincidindo com os 20 anos de “Confessions”, considerado por muitos como o seu auge criativo. A expectativa é de uma sonoridade moderna, inspirada no passado, mas sem recorrer a fórmulas repetidas – algo que Madonna, conhecida por se reinventar, evita a todo custo.