Entre hits virais e críticas, conheça o cantor Benson Boone, uma das promessas da nova geração

De fenômeno do TikTok a indicado ao Grammy 2025 na categoria de Melhor Artista Revelação, Benson Boone se firma como um dos nomes mais promissores da nova geração do pop. Apreciado por sua presença de palco e composições confessionais, cantor busca consolidar identidade artística em meio aos desafios da indústria musical

Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br

Se no passado os cantores dependiam das rádios e meios tradicionais para se tornarem conhecidos, hoje contam principalmente com as redes sociais para se catapultar à fama. Acontece de forma instantânea: um dia você é um artista pequeno ou anônimo e, no outro, tem a música do momento – como aconteceu com o cantor norte-americano Benson Boone, de apenas 23 anos. De nome, pode ser até que você não o conheça, mas é altamente provável que em algum momento a música “Beautiful Things” tenha o atingido.

Além de viralizar e se tornar um fenômeno nas redes sociais, a faixa, que lançou o artista de vez para o estrelato, detém o título de mais vendida nas plataformas digitais em 2024, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica. Mas, Benson não se limitou apenas ao seu primeiro hit viral – por mais que tenha trabalhado a música à exaustão. Com altos e baixos, a carreira do cantor seguiu. Novas apostas musicais, eventuais polêmicas, o lançamento do seu mais recente álbum de estúdio “American Heart”, e a passagem pelo Brasil para um show no Lollapalooza deste ano, realizado em março, marcam a trajetória do artista até então.

Revelação

A carreira musical de Benson Boone começou como um passatempo na adolescência. Em 2020, aos 18 anos, o jovem, natural da zona rural de Washington (EUA), foi convidado por produtores a participar da 19ª edição do reality show “American Idol” após viralizar com vídeos nas redes sociais. Na fase inicial do programa, emocionou os jurados com um cover ao piano da música “Punchline” (2017), de Aidan Martin, sendo ovacionado por Lionel Richie, Luke Bryan e Katy Perry. Apesar do destaque e de avançar até o Top 24, Boone decidiu abandonar o reality musical para seguir carreira de forma independente. “A razão pela qual eu saí do ‘American Idol‘ é porque eu queria fazer música”, revelou o artista anos depois, em entrevista ao “The Zach Sang Show”. A aposta deu certo: Boone chamou a atenção de Dan Reynolds, vocalista do Imagine Dragons, que o contratou pessoalmente para a Night Street Records – selo fundado em parceria com a Warner Records – iniciando oficialmente sua jornada como uma das promessas do pop contemporâneo.

Primeiros lançamentos

Antes de alcançar o topo das paradas com o sucesso mundial “Beautiful Things”, Boone já chamava atenção com faixas intensamente pessoais. O cantor iniciou sua carreira com o single de estreia “Ghost Town” em outubro de 2021. Descrita como um folk-rock romântico e melancólico, a faixa conquistou rapidamente o público e marcou a primeira entrada na parada Hot 100 da Billboard do artista. Atualmente, o single acumula mais de 570 milhões de reproduções apenas no Spotify.

Na sequência, veio “In The Stars”, uma balada comovente composta em homenagem à bisavó dele. A música, lançada em 2022, ultrapassou a marca de 1,1 bilhão de streams na mesma plataforma e está presente, assim como “Ghost Town”, no EP de estreia “Walk Me Home…” (2022). Em entrevista à Genius, o cantor falou sobre a composição do segundo single: “Esse tipo de perda pode ser mais emocional e profunda do que um relacionamento. Compor é muito novo para mim, e acho que é assim que tudo começa: enfrentando algo real pela primeira vez”, contou.

Além das duas canções que abriram caminho para sua ascensão meteórica, Boone também coleciona faixas populares como “Sugar Sweet”, que viralizou no TikTok; “Coffee Cake”, com uma pegada melancólica e otimista; e “What Was”, que explora nuances introspectivas de sua jornada pessoal. Com letras sinceras e sonoridade envolvente, Boone segue consolidando seu espaço no cenário musical global.

O sucesso mundial

Lançada em 18 de janeiro de 2024, “Beautiful Things” alcançou um sucesso restrito a poucas músicas da era digital. Marcada por um tom confessional e emotivo, a canção retrata uma súplica para que Deus não leve a pessoa amada. “Agradeço a Deus todos os dias pela garota que ele me mandou. Mas sei que as coisas que ele me dá, ele pode tirar”, canta Boone em um dos versos mais impactantes. Em entrevista à revista Billboard, o artista revelou que escreveu a faixa a partir de um relacionamento que o deixou emocionalmente vulnerável. “Foi a primeira vez que realmente fiquei genuinamente com medo de perder algo”, confessou.

A música não só tocou o coração do público como também impulsionou sua carreira a um novo patamar. Com mais de 2,2 bilhões de reproduções no Spotify, “Beautiful Things” pagou pela casa do cantor e o levou ao show business. “É a razão pela qual este ano tem sido um grande ano”, afirmou ele à Rolling Stone. Integrando o álbum de estreia “Fireworks & Rollerblades” (2024), a faixa foi composta por Boone em parceria com Jack LaFrantz e Evan Blair. Além das plataformas digitais, o sucesso da canção a fez atingir o segundo lugar na parada Billboard Hot 100. E junto ao êxito comercial, a obra também foi elogiada por sua mensagem sensível sobre aproveitar o presente e reconhecer a beleza nas imperfeições da vida.

“American Heart”

Segundo álbum de estúdio, “American Heart”, estreou em grande estilo: o disco alcançou o segundo lugar na parada Billboard 200 e emplacou dois singles – “Sorry I’m Here for Someone Else” e “Mystical Magical” – na Billboard Hot 100. Apesar do desempenho comercial expressivo, com 61 mil unidades vendidas na primeira semana, o projeto recebeu críticas duras da imprensa especializada. Publicações como NME e Rolling Stone deram apenas duas estrelas ao álbum, enquanto a Pitchfork foi ainda mais severa, atribuindo uma nota 3.7. As análises apontam que “American Heart” sofre com uma sonoridade genérica, letras pouco profundas e falta de identidade artística. Algumas comparações desfavoráveis a Harry Styles também foram feitas, sugerindo que Boone tenta imitar o estilo do britânico sem alcançar o mesmo impacto.

A Pitchfork, além de criticar as composições, também desaprovou a capa e os elementos visuais do projeto. Embora tenha destacado o carisma de Boone, a publicação afirmou que isso não é suficiente para compensar a suposta ausência de autenticidade musical. Ainda assim, a recepção do público contou uma história diferente. Boone mantém uma base de fãs sólida e engajada, o que reforça seu apelo popular. Alguns críticos também destacaram o potencial do artista como performer, sugerindo que ele pode estar passando por uma fase de transição criativa em busca de um som mais verdadeiro à sua identidade.

Boone no Brasil

A primeira performance de Boone em terras nacionais ocorreu no Festival Lollapalooza 2025, realizado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Com um look à lábrazilcore”, o cantor subiu ao palco vestindo um conjunto verde e amarelo brilhante, composto por calça e cropped, além de um cinto e pulseiras que remetiam à bandeira do Brasil. A escolha do visual deu o tom da apresentação explosiva, marcada por hits e acrobacias que estava por vir.  Abrindo o show com o sucesso “Sorry I’m Here For Someone Else”, Boone conquistou o público logo de cara. As famosas piruetas, que ele incorporou à performance inspirado nas acrobacias que via o pai fazer em casa, surgiram em momentos estratégicos, arrancando aplausos da plateia.

Apesar de poucas interações verbais com o público, o cantor foi calorosamente recebido com um coro de “Benson, eu te amo”. Antes de encerrar, emocionou ao erguer a bandeira do Brasil no palco, em um gesto simbólico de carinho com os fãs brasileiros. Ele também se aproximou da grade para cumprimentar o público e, como ponto alto da apresentação, foi até o meio da pista durante a execução de “Beautiful Things”, encerrando o show em meio aos admiradores. Com carisma, energia e presença de palco, Benson Boone deixou sua marca na edição 2025 do festival.

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