Em uma rotina frenética, uma xícara de chá pode ser uma boa pedida! Da camomila à surpreendente infusão de alface, é possível usar a ciência e a sabedoria ancestral a favor do bem-estar. Saiba como transformar esse hábito em um ritual aliado contra o estresse moderno
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Se o dia parece uma montanha-russa de tarefas, prazos e notificações, talvez esteja faltando um ingrediente essencial: uma pausa para respirar – de preferência com uma xícara de chá relaxante. A bebida pode se traduzir como um verdadeiro abraço líquido, capaz de acalmar a mente e reconectar ao prazer de simplesmente viver. E o melhor? Vem em sabores para todos os gostos, da clássica camomila à surpreendente alface.
Sabedoria ancestral
A história do chá como calmante remonta a 250 a.C., quando o imperador chinês Sheng-Nung descobriu acidentalmente a infusão de folhas silvestres. Desde então, culturas ao redor do mundo desenvolveram suas próprias tradições, dos chás cerimoniais japoneses aos blends ayurvédicos indianos.
Hoje, em meio à correria das cidades, essa sabedoria ancestral se reinventa como um antídoto contemporâneo. Tanto que a ciência moderna começa a desvendar os mecanismos por trás dos efeitos calmantes de certas ervas. Estudos publicados em revistas como a Clinical Epidemiology and Global Health demonstram que compostos como a apigenina, presente na camomila, e o linalol, da lavanda, interagem com receptores cerebrais associados ao relaxamento. E ainda têm os chás de maracujá e hortelã, que reduzem os níveis de cortisol, o chamado hormônio do estresse.
Qualidades
A camomila, velha conhecida das noites em claro, é a escolha certa para quem busca alívio da ansiedade. Outra conhecida das vovós é a hortelã, que, seja quente ou gelada, combina frescor com tranquilidade. Já a lavanda, com um aroma delicado, transforma a hora do chá em uma experiência de aromas e terapias.
Para os fãs de sabores cítricos, a erva-cidreira e o capim-limão oferecem frescor e tranquilidade em cada gole. Se o problema é a insônia, a valeriana, famosa pelas propriedades sedativas, pode ser a chave para uma noite de sono reparador. Até mesmo a alface – sim, aquela das saladas – pode surpreender como chá relaxante graças à presença da lactucina, um tipo de calmante natural.
Melhorando a experiência
A diferença entre um chá relaxante e uma água aromatizada está nos detalhes. A depender do uso de folhas frescas ou secas, o modo de preparo é diferente: ervas como camomila e lavanda liberam melhor seus óleos essenciais em água quente, não fervente, enquanto raízes como gengibre e valeriana exigem fervura. O tempo de infusão também é crucial: passar de 10 minutos pode deixar o sabor amargo. Por isso, é indicado investir em um termômetro de cozinha.
Além dos efeitos fisiológicos, o ritual do chá é um convite ao mindfulness, já que o próprio preparo cauteloso já ajuda a abstrair e relaxar. Outra dica é inalar o vapor do chá antes de beber: a experiência é quase meditativa e ajuda a completar o momento anti-ansiedade.
Para potencializar o efeito calmante, também é possível melhorar a experiência gustativa com blends de ervas. Alguns exemplos de misturas saborosas são: tília com camomila; maracujá e maçã; passiflora, camomila e hortelã; valeriana com melissa e uma pitada de noz-moscada; anis estrelado com melissa e tília; erva-cidreira e capim-limão; lavanda e camomila; maracujá com canela e limão; erva-cidreira com casca de laranja seca; e gengibre com limão e mel.
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APRENDA A PREPARAR SEU CHÁ:
– Flores delicadas, como camomila e lavanda, devem ser colocadas em água quente (80 °C), com infusão de 3 a 5 minutos;
– Folhas resistentes, tais como erva-cidreira e hortelã, são preparados em água quente (90 °C), em infusão de 5 a 10 minutos;
– Raízes e cascas, a exemplo do gengibre e da valeriana, devem ser fervidos na água por 5 a 10 minutos;
– Frutos secos, como maracujá e maçã, também precisam ser colocados em água fervente, com infusão de 5 a 10 minutos.