“O Cravo e a Rosa” ganha vida desta quinta-feira (22) até sábado (24), no Theatro José de Alencar. Com Paloma Bernardi e Marcelo Faria como Catarina e Petruchio, adaptação da novela clássica marcou gerações promete reviver a comédia shakespeariana com um toque de crítica social
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
A novela que marcou uma geração está prestes a conquistar o público cearense em um formato inédito. “O Cravo e a Rosa – O Espetáculo” chega ao Theatro José de Alencar entre quinta-feira (22) e sábado (24), transformando o clássico da TV Globo em uma experiência teatral interativa. Para quem não lembra ou ainda não estava vivo nessa época, “O Cravo e a Rosa” (2000) foi uma novela da faixa das 18h, escrita por Walcyr Carrasco — a primeira do autor para a TV Globo. Inspirada em “A Megera Domada”, de Shakespeare, a trama se passava na São Paulo dos anos 1920 e contava a história explosiva do romance entre: Catarina Batista (Adriana Esteves), uma jovem rica, inteligente e de temperamento forte, conhecida como “a fera” por afastar todos seus pretendentes; e Petruchio (Eduardo Moscovis), um fazendeiro rude e endividado que se casa com ela apenas para receber o dote. A trama se tornou um dos maiores sucessos da dramaturgia brasileira, com média geral de 38 pontos no IBOPE e pico de 54 pontos no capítulo final, o que equivale a cerca de 50 milhões de espectadores simultâneos.
A adaptação
Com Paloma Bernardi como Catarina e Marcelo Faria como Petruchio, a montagem promete risadas, romance e reflexões sobre temas ainda atuais, como igualdade de gênero e relações afetivas. Pedro Vasconcelos (“A Força do Querer”, “Fala Sério, Mãe!”), diretor da peça, explica que adaptar a novela para o teatro foi um exercício de síntese. “Tivemos que focar no núcleo principal da história, que é o relacionamento entre Catarina e Petruchio. Na TV, há espaço para tramas paralelas, mas no teatro precisamos ir direto ao que emociona e diverte o público”, diz. Entretanto, cenas icônicas foram mantidas, como o primeiro encontro dos protagonistas e a hilária cerimônia de casamento: “O desafio foi preservar a essência da comédia romântica sem perder o ritmo que o teatro exige”.
Marcelo Faria (“Dona Flor e Seus Dois Maridos”), além de interpretar Petruchio, assume a direção de produção, revela os desafios de conciliar as duas funções. “Quando estou em cena, preciso estar 100% focado no personagem. Já nos bastidores, meu olhar precisa ser mais amplo, acompanhando todos os detalhes da produção”, explica em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge. Sobre sua interpretação do rude fazendeiro, Faria optou por não repetir a versão de Eduardo Moscovis na TV. “Criei um Petruchio próprio, pensado para o teatro. O palco exige outra energia, outra forma de se comunicar com a plateia”, diz.
A peça, contudo, mantém o humor característico da trama original, mas também amplifica sua crítica social. “A história discute machismo e independência feminina de forma inteligente, usando a comédia como ferramenta. O público ri, mas também reflete sobre comportamentos que persistem até hoje”, observa. E esse é o grande trunfo da montagem: “Conseguimos falar de temas sérios sem deixar de entreter. Afinal, teatro precisa emocionar, seja pelo riso ou pela comoção”.
À luz do teatro
O elenco traz uma mistura de gerações, com veteranos como João Camargo (“Zorra Total”, “Além do Horizonte”) e John Garita. Para o diretor, essa dinâmica é fundamental: “Na novela Riacho Doce, tive a sorte de aprender com Fernanda Montenegro quando era iniciante. Agora, como diretor, busco criar esse mesmo ambiente de troca”. O resultado, segundo ele, é um espetáculo que une técnica e espontaneidade. “O público percebe quando há química verdadeira no palco, e esse elenco conseguiu capturar a energia contagiante da novela”, afirma.
“Nesta peça, levamos a interação com o público a outro nível. Em algumas cenas, os atores descem até a plateia, criando uma cumplicidade incrível”, revela o diretor. E a experiência vai além de uma simples adaptação: “É a novela que você ama, mas com a energia inigualável do teatro ao vivo”, resume. Já Marcelo finaliza com um convite ao sorriso: “Reforço o quanto o humor pode ser uma ferramenta potente para tocar as pessoas, provocar riso e, ao mesmo tempo, pensamento. Essa peça me lembra, todos os dias, porque escolhi viver de arte”.
serviço
“O Cravo e a Rosa – O Espetáculo”
Quinta (22) e sexta (23) às 20h e sábado (24) às 18h
No Theatro José de Alencar (Rua Liberato Barroso, 525, Centro)
Ingressos entre R$ 39 e R$ 140, mais taxas, no Sympla e na bilheteria do Theatro
Classificação indicativa
de 10 anos
Mais informações
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