Em celebração aos seus 60 anos de arte, o artista Roberto Galvão abre no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc) sua nova mostra, Sertão Galvão. Apresentando um exuberante e diverso sertão, a exposição é composta pelas mais recentes produções do artista
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br
Surpreendente e impactante. Com estas palavras o curador Saulo Moreno define a mostra Sertão Galvão, do artista plástico cearense Roberto Galvão. Abrigada no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc), a exposição, que será aberta ao público neste sábado (24) e poderá ser visitada até 18 de outubro, reúne mais de 60 obras realizadas pelo artista a partir de 2023. Com expografia de Túlio Paracampos e apresentação de Regina Raick, a exibição apresenta trabalhos em diversas técnicas e tamanhos, que convidam o público a uma imersão no universo artístico de Roberto.
“Em Sertão Galvão, a palavra assume uma perspectiva estética e política muito marcante: trata-se de um movimento constante e persistente do artista de se aproximar, de se envolver e de construir uma arte com o repertório e as matrizes culturais do seu lugar no mundo. Sertão, portanto, traduz a trajetória de um artista que se constrói no Ceará e a partir do Ceará, e com essas matrizes cria, recria, desdobra, expande, questiona e vive o seu fazer artístico. (…) Roberto Galvão compartilha um sertão colorido, fértil e florido”, discorre Saulo sobre a mostra.
Curadoria
A exposição apresenta um recorte da produção de Galvão, com destaque para as obras concebidas durante e após a pandemia. Ainda segundo Moreno, muitas delas foram exibidas pela primeira vez na mostra Jardim Interior, mas a exposição no Mauc traz um conjunto ainda mais amplo, com obras de grande formato que impressionam pela escala – de 15cm por 20cm a 5,10m por 1,60m – e pela intensidade. “Além disso, o público terá acesso a recortes de documentos preservados pelo Arquivo Histórico e Institucional do Mauc, que contam a história de Galvão por meio de fragmentos de memória como matérias de imprensa, catálogos, convites para exposições, todos elementos que testemunham essa bonita relação estabelecida com o museu há tantas décadas e que nos enche de orgulho e felicidade”, complementa o curador.
Inspiração
Segundo Roberto, “o Sertão Galvão é colorido e vibrante”. Reflexo disso são as pinturas da sua mostra, fruto da beleza do jardim que cultiva com Lúcia, sua companheira de mais de meio século. O espaço é transformado pela imaginação do artista, que mistura as cores livremente e reinventa as formas de folhas e flores, criando um universo particular, onde a natureza se revela em sua forma mais poética e exuberante. “Não são registros da realidade. Gosto de corrigir a natureza. Troco as cores das flores; boto folhas de algumas plantas junto com flores de outras. Às vezes acho interessante fazer essas misturas. O que estou fazendo são pinturas e não retratos”, expõe o artista.
A riqueza de detalhes e a complexidade das obras de Galvão também ficam evidentes em sua abordagem técnica. O artista revela a mistura de materiais e processos em suas criações. “Eu poderia dizer que muitas das obras são ‘técnicas mistas’. Nas aquarelas têm detalhes em lápis de cor e nanquim. Nos acrílicos, aí sim, a confusão é ainda maior: tem pastel, posca, nanquim e outras mídias. No fim, fixo tudo com uma espécie de verniz para evitar algum acidente de percurso”, afirma.
Legado
Com a mostra Sertão Galvão, um marco em sua carreira, Roberto celebra não apenas sua obra, mas também a rica história de sua relação com o Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc) e seu importante papel em sua trajetória artística.”Realmente, o Mauc é uma das instituições mais importantes que temos na cidade de Fortaleza. Expor no MAUC sempre me dá orgulho. Nesta mostra também estamos comemorando meio século da minha primeira exposição individual neste Museu, ocorrida em 1974. Aliás, estamos celebrando os 70 anos da Universidade Federal do Ceará, 60 da minha atuação no campo das artes, 50 da minha primeira individual no Mauc e o primeiro ano da criação da Pró-Reitora de Cultura da UFC”, comemora Galvão.
“Roberto Galvão é um dos mais destacados artistas de sua geração. Ao longo desses 50 anos, Galvão viu o Mauc crescer, se consolidar, expandir e também viver as suas dificuldades; o inverso também é verdadeiro. É muito bonito quando a trajetória de um artista e de um museu se confundem e se conectam de forma tão vital e duradoura. Nesse percurso partilhado, Galvão doou muitas obras à instituição, integradas à coleção do primeiro e mais importante museu de arte do Ceará. Galvão sempre cultivou essa parceria com muita generosidade e carinho”, celebra Saulo Moreno.
Serviço:
Sertão Galvão por Roberto Galvão
Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará – Mauc (Av. da Universidade, 2854 – Benfica)
De 24 de agosto a 18 de outubro
Visitação de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h
Entrada Gratuita






















