Nesta terça-feira (30), a Praia do Mucuripe será palco da performance “Bordamar”, celebrando o Dia Internacional do Bordado. O evento convida a população a bordar coletivamente um tecido de cinco metros, promovendo a arte como gesto artístico e poético
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Formas primitivas do bordado datam da antiguidade e, apesar de ter se modernizado e industrializado nos últimos anos, ainda é fonte inesgotável de manifestação artística. Hoje, a prática não só é uma fonte de renda para muitas famílias, mas também uma forma de, terapeuticamente, se desconectar das telas.
Uma dessas iniciativas que visa incluir o artesanato no nosso cotidiano partiu da artista Wilma Farias, que promove, nesta terça-feira (30), a performance Bordamar. Com um tecido de cinco metros a ser bordado coletivamente, o evento, que começa às 16h, integra uma série de seis ações que acontecerão ao longo do semestre em diferentes pontos da orla de Fortaleza.
A performance na Praia do Mucuripe será o segundo evento da série e coincide com o Dia Internacional do Bordado, celebrado pela artista desde 2018. O evento anterior ocorreu na Praia da Sabiaguaba. Wilma Farias explica ao Tapis Rouge que o projeto nasceu de sua experiência ao morar em Salvador, entre 2015 e 2017. “A capital baiana, contornada pela Baía de Todos os Santos, despertou meu olhar para tecer relações sobre a paisagem urbana e como o mar influencia nossa forma de experienciar a cidade no cotidiano”, diz. Após seu retorno a Fortaleza, ela manteve essa contemplação, buscando tratar das relações de memória e pertencimento à cidade através do bordado. “Do desejo de materializar a conexão com o mar e a cidade, enquanto espaço de experiência, o gesto de bordar vem como um modo sensível de traçar contornos da convivência em espaços públicos”.
Além de sua relevância artística, o Bordamar também tem um caráter inclusivo, permitindo a participação de pessoas sem experiência prévia em bordado. “O convite é para bordar um longo manto de cinco metros. Esse tecido vem sendo bordado desde 2018, de forma coletiva em ações anteriores. A proposta é perceber o bordado como possibilidade de experimentação”, explica.

Wilma diz que, para os iniciantes, será disponibilizado material para uso no evento. Mas, para quem desejar, é possível levar linhas e agulhas próprias. “É um momento de experimentação com a linha, a agulha, o tecido e a cidade. O importante não é saber a técnica e, sim, estar aberto a uma experiência coletiva e olhar a paisagem urbana como elemento inspirador”.
A importância do bordado
O Dia Internacional do Bordado foi criado em 2011 pelo grupo Täcklebo Broderiakademin, na Suécia, para unir pessoas de diversos países em celebração à arte como ato criativo universal. Em Fortaleza, a performance visa não apenas celebrar essa técnica, mas também incentivar a fruição artística e a conscientização sobre a tradição. “É importante que projetos como o Bordamar aconteçam, por oferecer uma dinâmica que trata sobre fruição artística, memória, patrimônio e cidadania. Cada vez mais, é preciso ter consciência de nosso lugar político na vida. Arte é política. Assim como, incentivar o acesso a ela é um modo próspero para alimentar uma sociedade mais crítica e ciente da diversidade que a compõe”, pontua Wilma.
A mestra em Artes pela Universidade Federal do Ceará também destaca a importância social de investir em projetos culturais. “Acredito que o investimento em arte e cultura contribui fortemente para o desenvolvimento sustentável e social. É muito importante que, a nível público e privado, entendamos a importância da arte para uma noção de cidadania mais sensível, criativa e inovadora”, afirma a artista. “O acesso à cultura é um direito garantido por lei. Portanto, viabilizar recursos financeiros para a realização de projetos culturais garante que a economia da cultura expanda e amplie as possibilidades de acesso a experiências diversas”.
Wilma se dedica ao bordado como linguagem artística há mais de 10 anos. Coidealizadora e diretora criativa do Borda – Festival Arte, Bordado e Experimentação, a produtora cultural também é idealizadora do minidocumentário Linhas do Tempo (2021). O Bordamar é apoiado pela Lei Paulo Gustavo através da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor).
Serviço
Bordamar no Dia Internacional do Bordado
Terça-feira, 30 de julho, às 16h
Praia do Mucuripe (próximo à escultura Iracema e Martim, de Corbiniano Lins)
Mais informações pelo Instagram @borda.uiu