De 12 a 14 de julho o Cineteatro São Luiz será a morada do espetáculo “Viva o Povo Brasileiro [de Naê a Dafé]”, musical inspirado no clássico romance do escritor João Ubaldo Ribeiro. Dirigida por André Paes Leme, a peça conta a história de uma alma que queria ser brasileira
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com
“Da elite ao trabalhador, do povo afro diaspórico ao português e ao holandês. O Brasil é realmente um grande universo de povos”, assim crava André Paes Leme, quanto à tônica do musical “Viva o Povo Brasileiro [de Naê a Dafé]”, dirigido por ele e com estreia marcada no Cineteatro São Luiz entre os dias 12 e 14 de julho. Com sessões na sexta-feira e no sábado, às 19h, e no domingo, às 18h, a peça, que investiga o significado de povo brasileiro, é um musical inspirado na obra “Viva o Povo Brasileiro”, do escritor João Ubaldo Ribeiro.
“(…) conheci ‘Viva Povo Brasileiro’ e pensei, pois será que isso é possível? E esse ‘se é possível’ ficou na cabeça e aos poucos foi ganhando forma, foi merecendo um estudo mais cuidadoso, mais profundo, e gerou depois uma investigação no doutorado e por final uma proposta de espetáculo. Eu acho que a gente tem uma grande oportunidade de tentar levar para o teatro uma obra muito importante e é claro que é só uma primeira parte do teatro”, conta André sobre a escolha da obra para a criação da peça musical.
Com quase três horas de duração, o espetáculo acompanha a história de uma alma que busca sua identidade brasileira, no entanto encarna em pessoas invisibilizadas pela história. Toda a trama acontece na Bahia, na cidade de Itaparica, e perpassa cerca de 400 anos de memória do Brasil. A peça conta ainda com personagens como Caboclo Capiroba, o Alferes e Maria Dafé, que mostram os abismos sociais presentes na narrativa. A dor dessas figuras é transformada em heroísmo, a fim de mostrar que para a formação do nosso povo é necessária a força da ancestralidade.
“Viva o Povo Brasileiro é um espetáculo muito diferente dos que a gente costuma assistir. É um épico (…) tem dezenas de personagens, e é uma montanha-russa de emoções. O componente musical do espetáculo é fortíssimo, a característica literária do João Ubaldo é determinante, tem um elenco e músicos fantásticos. Eu diria que quem vai assistir terá uma surpresa muito grande e vai entender o que é a dimensão dessa obra (…)”, descreve o diretor sobre a peça.
Música e elenco
“Viva o Povo Brasileiro” tem a sua trilha sonora original assinada por João Milet Meirelles, mais conhecido por integrar a banda BaianaSystem. Além do músico, o musical também apresenta ao público 30 músicas originais, todas composições de Chico César. Segundo o compositor, ele se utilizou de letras inspiradas ou que utilizam parte textual da obra original para a criação das canções. Além disso, sua formação intuitiva da música negra, brasileira e baiana é também um aspecto muito presente na realização das músicas, pela história contada se passar em Itaparica e Salvador.
E para dar voz e vida às canções da peça, o elenco conta com 10 atores em cena, dentre eles estão Alexandre Dantas, Guilherme Borges, Izak Dahora, Jackson Costa, Júlia Tizumba, Luciane Dom, Maurício Tizumba e Sara Hana. Além do elenco fixo, o espetáculo tem um coro composto por atores iniciantes/estudantes, que ajudam a dar vida à epopeia dirigida por André Paes Leme.
Crítica social
Para o diretor da peça, a principal questão da obra escolhida para a adaptação, é uma crítica e profunda reflexão sobre qual é a identidade do povo brasileiro. Mas, para além disso, André destaca que diversas mazelas sociais e fatos históricos também compõem o cenário da obra de Ubaldo. “(…) a principal questão está na discussão sobre os extermínio dos povos originários, sobre a intolerância, a justiça, a opressão, o problema da escravidão no Brasil, a discussão sobre a forma com que a gente acabou lidando com o período colonizador e uma ideia de usurpação de espaços de poder e de terras. Uma discussão também muito interessante sobre política e sobre quem são os nossos heróis. Talvez tenhamos uma forma ingênua de olhar para os nossos ditos heróis. Personagens que são vilões, são tratados como salvadores”, conclui André.
Mais sobre o musical
O musical conta com 25 pessoas, que viajam com a peça. Sendo 10 pessoas no elenco e três músicos.
O figurino do espetáculo conta com mais de trinta peças de roupas.
Os atores levam em média, aproximadamente, 1h30, para vestirem o figurino e realizar maquiagem.
A cenografia da peça é assinada pela cenógrafa Natália Lana
São precisos aproximadamente 2 dias para a montagem do cenário do musical
SERVIÇO
Musical “Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé)”
Dias 12, 13 e 14 de julho. Sexta e sábado às 19h, e domingo às 18h
Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500, Centro, Fortaleza-CE)
Ingressos na bilheteria do Cineteatro e no sympla.com.br
