Treinar em jejum é bom? Especialistas opinam sobre a prática que vem gerando discussões

Realizar exercícios físicos antes de ingerir alimentos tem sido objeto de muita discussão nas redes sociais. Tapis Rouge consultou especialistas para explicar as perspectivas sobre o tema, entre riscos e benefícios

Sâmya Mesquita 

samya@ootimista.com.br

Realizar exercícios físicos em jejum tem sido objeto de muita discussão entre profissionais da saúde, atletas e entusiastas do fitness — especialmente nas redes sociais, onde se divulga a prática. Enquanto alguns defendem os potenciais benefícios, outros alertam para os riscos associados a essa abordagem. Para entender melhor essa controvérsia, o Tapis Rouge consultou especialistas para explicar as perspectivas sobre o tema.

Uma das razões por trás do treino em jejum é a crença de que essa prática pode otimizar a queima de gordura corporal. Esse entendimento foi disseminado principalmente após o modo de vida de corredores quenianos ser difundido. A maioria desses atletas realiza a primeira corrida da manhã com o estômago vazio ou apenas depois de beber um chá — o que não quebra o jejum. Por isso, eles acabaram se tornando uma referência na adaptação do corpo à prática em jejum. Porém, vale salientar que eles são extremamente adaptados ao jejum e possuem um biotipo que favorece uma prática de exercícios extensa: pernas longas e finas, quadris estreitos e uma capacidade incomum de usar oxigênio com eficiência.

Segundo Isabela Limaverde, nutricionista e professora do curso de Nutrição da Unifametro, treinar em jejum pode não ser interessante para todos os indivíduos, especialmente aqueles que buscam objetivos específicos, como emagrecimento ou ganho de massa muscular: “Não é algo tão interessante mesmo que seja um treino mais rápido porque, às vezes, você vai ter mais prejuízo do que benefício”.

A professora aponta para os potenciais efeitos adversos, como hipoglicemia, queda de pressão, tonturas e cansaço. “O corpo entra em um processo de catabolismo que contribui para uma perda de massa muscular. Além disso, para conseguir ter rendimento no treino sem se alimentar, o organismo precisa estar muito bem adaptado”, explica.

Já Leonardo Furtado de Oliveira, nutricionista e professor do mesmo curso, afirma que o problema reside no exercício ser de alta intensidade, o que exige queima de carboidratos. “Se o treino em jejum fizer mal para a saúde ou não, vai depender de dois fatores: o tempo de jejum do indivíduo e a intensidade da atividade desempenhada”, aponta o especialista.

Ele explica que, em situações de intensidade alta, onde há demanda por carboidratos como fonte de energia, treinar em jejum pode levar a uma queda nos níveis de glicose no sangue, resultando em sintomas como tonturas e desmaios.

É importante ressaltar que a prática não é recomendada para todos. Isabela enfatiza que “quem está iniciando o exercício físico precisa de energia suficiente para melhorar o rendimento e se adaptar melhor”, enquanto Leonardo destaca que essa abordagem pode ser arriscada para indivíduos com condições de saúde pré-existentes, como diabetes e hipertensão.

Em resumo, embora treinar em jejum possa apresentar potenciais benefícios, é fundamental avaliar os riscos e benefícios individuais antes de adotar essa estratégia. Consultar um profissional de saúde qualificado pode ajudar a garantir que você esteja tomando as decisões certas para sua saúde e bem-estar a longo prazo.

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