A segunda edição do ComTextos, promovido pela vice-Prefeitura de Fortaleza, debate os problemas e soluções para violência urbana com a presença do vencedor do Prêmio Jabuti Bruno Paes Manso, que na ocasião lança seu novo livro
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
Na interseção entre violência, instituições sociais e segurança pública, a segunda edição do ComTextos acontece no Teatro Nadir Papi Saboya nesta terça-feira (28), às 19h, e promete uma imersão profunda nos intrincados cenários do crime organizado. Com a presença do vencedor do Prêmio Jabuti de 2021, Bruno Paes Manso; do conselheiro da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé; e do jornalista Ricardo Moura, o evento surge como um espaço crucial para debater os desafios que permeiam as políticas de segurança no Brasil contemporâneo. Após a discussão, haverá o lançamento do mais recente livro de Bruno, “A Fé e o Fuzil – Crime e Religião no Brasil do Século XXI”, com sessão de autógrafos.
Coordenado pela vice-Prefeitura de Fortaleza, o ComTextos destaca-se como uma iniciativa para estimular discussões sobre temas sociais emergentes. A primeira edição abordou o Brasil sob a perspectiva de raça, cultura e política. Agora, o evento pretende ir mais longe: “A violência e a criminalidade são temas que afetam diretamente a vida de todos. Precisamos encarar esse debate com urgência, mas também com inteligência”, alerta o vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista.

Bruno Paes Manso, vencedor do Prêmio Jabuti de 2021 na categoria de Não Ficção, tem seu trabalho focado nos pormenores dos problemas da segurança pública no Brasil. Em seu mais recente livro, “A Fé e o Fuzil”, o autor se debruça sobre a influência da fé nesse cenário, evidenciando como esses grupos respondem aos anseios de uma população exposta à violência.
Ao Tapis Rouge, Bruno fala sobre o crescimento da religião diante da cena criminal. “A religião sempre esteve presente na cena criminal em diversos momentos da história. Basta olhar a máfia italiana. A diferença é que alguns criminosos e traficantes começaram a usar essa fala religiosa”, contextualiza o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP). O jornalista ainda diz que esse discurso religioso dialoga com a tentativa de usar a fé para criar autoridade através da antítese bem versus mal. “É o que faz o traficante Peixão, no Rio de Janeiro: ele se diz ungido de Deus, que sonhou com Deus e age em nome de Deus contra o mal”, exemplifica.

Para Bruno, o debate deve ser encarado com urgência, especialmente no nosso estado. “O Ceará, em especial, está vivenciando esse problema na última década de uma forma muito forte e dramática, com vários territórios controlados por grupos armados. Esse tipo de conversa ajuda a gente a pensar, diagnosticar e chega em uma melhor solução”, explica.
Também participa do ComTextos Preto Zezé, uma das maiores lideranças das favelas brasileiras que se destaca não apenas como ativista mas como empreendedor e figura central no debate sobre racismo e desigualdade social. A mediação fica por conta do jornalista Ricardo Moura, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Serviço
2º ComTextos: Design e Literatura – Bruno Paes Manso, Preto Zezé e Ricardo Moura
Nesta terça-feira (28), às 19h
Teatro Nadir Papi Saboya. Rua 8 de Setembro, 1330, Varjota
Gratuito e sem inscrição prévia. Entrada sujeita à lotação do espaço
Mais informações no Instagram @fortalezacidadedodesign