Prêmio Jabuti desclassifica “Frankenstein” após revelar uso de inteligência artificial; entenda

A Câmara Brasileira do Livro (CBL) desclassificou a obra “Frankenstein” da disputa por melhor ilustração do Prêmio Jabuti, nesta sexta-feira (11). A decisão foi tomada após a revelação de que as cerca de 50 artes que ilustram a edição do Clube de Literatura Clássica do romance de Mary Shelley foram criadas com ferramentas de inteligência artificial (IA).

As regras do prêmio não contemplam a avaliação de obras que utilizem IA em sua produção. A CBL informou que o uso de inteligência artificial ainda será objeto de discussão para as próximas edições do prêmio, “em razão dos princípios de defesa dos direitos autorais”.

1725361585 Jyogbvcbh5hkzjidnqt4fdugsu
“Frankenstein”, do Clube de Literatura Clássica . (Foto: Divulgação)

O designer Vicente Pessôa, responsável pelas ilustrações, afirmou que não informou ao comitê organizador que usou IA na confecção da arte porque não foi instado a fazer isso. Ele ressaltou que isso foi amplamente divulgado no lançamento da edição, publicada pelo Clube de Literatura Clássica no ano passado. De fato, Pessôa e o gerente editorial José Lima fizeram uma live de uma hora e meia no canal da editora mostrando o processo tecnológico por trás da versão final do livro.

Um dos jurados da categoria de melhor ilustração, o cartunista André Dahmer, disse que votou na obra sem conhecimento de que ela havia sido criada com IA. “Não conheço os nomes de ferramentas de inteligência artificial, nem quero conhecer”, escreveu ele na rede social. Outro jurado do prêmio, o ilustrador Baptistão, também afirmou que não percebeu que a obra era feita com IA e que “não teria selecionado o livro se tivesse essa informação”. O jornalista Silas Martí, editor da Ilustrada, foi jurado da categoria projeto gráfico do prêmio.

RELACIONADOS

PUBLICIDADE

POPULARES