Exclusivo: Cláudia Abreu fala sobre peça em que vive Virginia Woolf, em cartaz no Cineteatro São Luiz neste fim de semana

Autora inglesa ganha vida na pele de Cláudia Abreu, com Virgínia, no palco do Cineteatro São Luiz, neste fim de semana. Com duas sessões já esgotadas, atriz fala ao Tapis Rouge do processo de concepção da montagem e celebra grande interesse dos fortalezenses em arte

Danielber Noronha
danielber@ootimista.com.br

“Quem nos rouba os sonhos rouba-nos a vida”. Este é apenas um dos escritos da inglesa Virginia Woolf que tocou a brasileira Cláudia Abreu de uma maneira particular. Este contato trouxe inúmeros frutos à estrela da teledramaturgia nacional e, agora, rendem-lhe mais um desafio na carreira: a concepção do primeiro monólogo da atriz, com Virginia. O solo, com direção de Amir Haddad, marca, ainda, a estreia de Cláudia na dramaturgia. Abrindo turnê pelo Nordeste, Fortaleza receberá, neste fim de semana, três sessões da peça, no palco do Cineteatro São Luiz.

A sessão deste sábado (27), às 19h, e a primeira do domingo (28), às 18h, já estão esgotadas. Últimos ingressos para a sessão das 20 horas do domingo podem ser adquiridos no site www.sympla.com.br ou na bilheteria do equipamento.

Conexões

Claudia e Virginia se encontram há muito tempo, mais especificamente desde 1989, com Orlando, montagem assinada por Bia Lessa, que se baseia no romance homônimo de Woolf. No entanto, foi somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, que a atriz mergulhou de cabeça no universo da autora. Daí surgiu a vontade de escrever algo que estreitasse mais os laços entre as duas. O público verá no palco o fruto de um extenso processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos.

A atriz detalha ao Tapis Rouge que a situação do isolamento imposta pela pandemia da covid-19 possibilitou uma imersão mais intensa no processo de escrita do monólogo. O ponto mais marcante desta pesquisa, segundo ela, foi se deparar com a “sensibilidade sofisticada de Virginia de iluminar com palavras sensações íntimas”. “Ela via poesia nos detalhes, conseguia transmitir essa fina percepção da vida com palavras precisas”, expõe Cláudia.

A dramaturgia de Virginia foi concebida como inventário íntimo da vida da autora, atravessando momentos felizes, desequilíbrios, tragédias pessoais e problemas que teve na vida, além de esmiuçar detalhes do processo criativo da autora. A estrutura do texto ganha força no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência. Apesar de ter se sentido tocada pela obra de Virginia desde o primeiro momento, a atriz reconhece, aos 52 anos, ter, hoje, mais instrumentos internos para compreender e admirar o legado deixado por ela.

Sucesso de público

Dona de papéis memoráveis nas telenovelas brasileiras, Cláudia Abreu vibra com a procura do público também pelo seu trabalho no teatro, especialmente no contexto do Brasil, onde a cultura é, por vezes, tão escanteada. “As pessoas estão carentes de arte. Sabemos o quanto a arte é transformadora, é o que nos faz sonhar! Se eu conseguir levar um pouco da minha arte para todos os cantos do País vai ser uma alegria e uma satisfação imensas”, pontua. “Só tenho a agradecer o interesse do público e a conexão que a peça consegue estabelecer com as pessoas. Afinal, falar sobre a existência de Virgínia Woolf é também falar sobre a existência de todos nós humanos, demasiadamente humanos”, completa.

Serviço

Virgínia – Monólogo de Cláudia Abreu
Dias 27 e 28 de maio
No Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500 – Centro).
Sessões: 27, às 19h, e 28, às 18h (ingressos esgotados)
Sessão extra: 28, às 20h
Venda de ingressos: no site Sympla e na bilheteria física do Cineteatro
Valores: de R$ 40 a R$ 100

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