Heloisa Buarque de Hollanda foi é eleita imortal da Academia Brasileira de Letras nesta quinta-feira (20). A escritora e crítica literária é uma das principais formuladoras do pensamento feminista brasileiro. Ocupando a cadeira de número 30, ela se torna décima mulher imortal da ABL em toda a história.
A votação aconteceu ineditamente por urnas eletrônicas, que foram emprestadas à Academia pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). Até então, as eleições aconteciam presencialmente por cédulas ou por voto virtual.
A vaga surgiu depois da morte da escritora Nélida Piñon, em dezembro passado, aos 85 anos. A vencedora do Prêmio Príncipe das Astúrias já tinha presidido a associqção fundada por Machado de Assis e era uma das participantes mais ativas.
A cadeira 30 tem como patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet e foi fundada pelo carioca Pedro Rabelo, contista, poeta e também jornalista. Além de Rabelo e Piñon, já ocuparam a posição Heráclito Graça, Antônio Austregésilo e Aurélio Buarque de Holanda – que tem parentesco com o primeiro esposo de Heloisa.
Buarque de Hollanda concorria com Oscar Araripe, Denilson Marques da Silva, José Gildo Pereira Borges, José Milton Monteiro Araújo da Silva e Marcelo Pereira da Silva e Pádua.
Quem é Heloisa Buarque de Hollanda
Heloisa Buarque de Hollanda, nasceu em Ribeirão Preto (SP), em 26 de julho de 1939. Formou-se em Letras Clássicas pela PUC-Rio, com mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ e pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.

Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultural digital. Nos últimos cinco anos, vem trabalhando com o foco na cultura produzida nas periferias das grandes cidades, o feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.
Além de vários livros sobre o pensamento feminista, Buarque de Hollanda foi alçada ao estrelato literário como responsável pela coletânea “26 Poetas Hoje”, nos anos 1970, que colaborou para pôr em cena alguns dos principais autores de sua geração, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal.
É autora de “Macunaíma, da literatura ao cinema”, “Impressões de Viagem”, “Cultura e Participação nos anos 60”, “Pós-Modernismo e Política”, “O Feminismo como Crítica da Cultura”, “Guia Poético do Rio de Janeiro”, “Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70”, “ENTER – Antologia Digital e Escolhas, uma autobiografia intelectual”, entre outros.
Viciada em telenovelas, é casada, tem três filhos, sete netos e dois cachorros. Não possui perfil público no Instagram.