A exposição de cinema experimental Passeio Noturno: uma visão retrospectiva sobre Distruktur, da dupla de brasileiros Gustavo Jahn e Melissa Dullius, chega ao Museu da Imagem e do Som nesta sexta (24) com conversa com os cineastas e curador
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
Em uma definição ampla, cinema experimental é toda linguagem cinematográfica que vai além da narrativa comercial. E embora o mercado da Sétima Arte se encaminhe, cada vez mais, por uma veia de produção industrial – especialmente após o ode aos blockbusters de heróis -, os estudiosos de cinema se debruçam sobre produções consideradas subversivas. Alguns artistas até têm ganhado espaço dentro e fora do Brasil. É o caso do duo Distruktur, formado pelos brasileiros Gustavo Jahn e Melissa Dullius, com produção extensa em Berlim, na Alemanha. A dupla traz ao Museu da Imagem e do Som (MIS), a partir desta sexta-feira (24), a exposição Passeio Noturno: uma visão retrospectiva sobre Distruktur, com curadoria de Pedro Azevedo.
Marcados pelo uso da película analógica, os filmes são experimentais tanto do ponto de vista da imagem quanto do som que, por vezes, não aparece nas produções. “O grão, a textura, a cor, enfim, o imprevisível, atravessa a sua obra e lhe confere uma idiossincrasia que dificilmente encontramos em outros artistas brasileiros da sua geração”, reflete o curador Pedro Azevedo, sobre o turbilhão de emoções despertado pelas obras.
Os filmes são apresentados no espaço do museu em três linhas. A primeira é marcada por flickers, imagens rápidas, em frames gravados a partir de câmeras de 16mm ou Super 8. A segunda, notadamente silenciosa, traz paisagens naturais, urbanas e de objetos. Por fim, a terceira e mais conhecida, mostra filmes que dão atenção à performance de personagens, interpretados majoritariamente pelos próprios brasileiros.

A dupla, embora ovacionada na Europa e no resto do Brasil, ainda é pouco vista no Nordeste. Por isso, esta mostra foi pensada em conjunto com os artistas de forma a reunir o trabalho do Distruktur desde quando começaram a fazer filmes. “O extenso trabalho de Gustavo Jahn e Melissa Dullius no cinema, fotografia, performance, música e texto vem ocupando espaço de centralidade há quase duas décadas na cena experimental do audiovisual brasileiro. (…) Longe de imprimir uma lógica de transparência ou de empreender narrativas lineares, os artistas estão muito mais próximos de um registro opaco a partir do qual a experiência sensorial diz muito mais do que a absorção cognoscível dos temas sobre os quais se debruçam”, afirma o pesquisador da plataforma independente Colo Zone.
A mostra ainda apresenta seis filmes de curta e média metragem. Também três séries fotográficas, sendo a principal homônima à exposição, com fotos de cachorros circulando nas escuras ruas de Berlim durante à noite. Também haverá a apresentação de textos dos cineastas, como Manifesto das Pedras e Cat Effekt.
Esta experiência é uma das perspectivas mais completas do trabalho de Gustavo e Melissa, que estarão presentes no MIS tanto na conversa aberta com o curador e o público nesta sexta-feira (24), às 18h, quanto na visitação mediada no sábado. Toda a programação é gratuita.
Serviço
Passeio Noturno: uma visão retrospectiva sobre Distruktur
Museu da Imagem e do Som. Avenida Barão de Studart, 410 (2º andar) – Meireles
Conversa aberta: sexta (24), às 18h
Visita mediada: sábado (25), às 17h
Visitação: 24 de março a 24 de abril
Horários: de terça a quinta, das 10h às 18h; e de sexta a domingo, de 13h às 20h
Entrada gratuita e livre.