Cearenses brilham em indicações no Festival Sesc; Halder Gomes, Petrus Cariry e Émerson Maranhão exaltam força do cinema local

Cearenses despontam em indicações no Festival Sesc Melhores Filmes, cuja votação aberta vai até dia 28 deste mês. Cineastas Halder Gomes, Émerson Maranhão e Petrus Cariry celebram feito e evidenciam a potência audiovisual que tem se consolidado no Estado

Danielber Noronha 

danielber@ootimista.com.br

A sétima arte é aclamada por conseguir transpor limites territoriais, culturais e sociais. Neste mesmo percurso, talentos genuinamente cearenses têm despontado com solidez e perenidade no cenário nacional. Para atestar isso, basta bater o olho na lista de indicações ao Festival Sesc Melhores Filmes, considerada uma das mais tradicionais premiações de cinema do País.

No total, sete longas-metragens concebidos por cineastas cearenses concorrem na categoria de Melhor Filme Nacional, que é dedicada a longas de ficção, o que é o caso de Os Escravos de Jó, de Rosemberg Cariry -, enquanto outros dois figuram entre os indicados a Melhor Documentário, A Jangada de Welles, de Petrus Cariry e Firmino Holanda, e Transversais, de Émerson Maranhão.

Já a categoria Melhor Direção Nacional, uma das principais, traz entre os indicados nada menos que 11 cearenses, como Gero Camilo (Aldeotas), Armando Praça (Fortaleza Hotel) e Pedro Diógenes (Pajeú). Victor Melo (Última Cidade) e Petrus Cariry  figuram entre os concorrentes a Melhor Fotografia. Petrus, aliás, recebeu três indicações para esta categoria, por três filmes diferentes. A 49ª edição do prêmio abarca 372 produções, sendo 229 estrangeiros e 143 nacionais.

Público como júri
A premiação se divide em duas frentes: votação popular e escolha por um júri especializado, composto por críticos e jornalistas. A votação aberta ao público é gratuita e pode ser feita até dia 28 de fevereiro, no site oficial do Festival. Na visão de Petrus Cariry, este viés de participação popular é um grande diferencial do Sesc Melhores Filmes. “Isso é um fator importante, pois mobiliza muitas pessoas em torno dos filmes, tanto nas exibições em salas quanto nos acessos online”, explica.

Ao todo são 11 categorias premiadas: Melhor Filme (Internacional e Nacional), Melhor Direção (Internacional e Nacional), Melhor Atriz e Ator (Nacional e Internacional), além de Melhor Roteiro, Fotografia e Documentário, sendo estas somente para obras brasileiras.
Na fase seguinte, de 1º de março a 4 de abril, será conduzida a apuração dos votos. Na última etapa, de 5 a 26 do mesmo mês, haverá a exibição dos filmes vencedores e dos mais votados no Festival em sessões presenciais e online, além da cerimônia de abertura e noite de premiação, marcada para 5 de abril.

Bem-vindos ao Ceará

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Monique Alfradique protagoniza “Bem-Vinda a Quixeramobim” (Foto: Divulgação)

Concorrendo em cinco categorias, está o filme Bem-Vinda a Quixeramobim, que acompanha a herdeira falida Aimée, interpretada pela atriz Monique Alfradique (também indicada ao prêmio), que se vê obrigada a se refugiar na última propriedade da família: uma fazenda em ruínas em Quixeramobim, no Interior do Ceará. Dirigida por Halder Gomes, a comédia vendeu mais de 70 mil ingressos somente em solo cearense, além de desbancar produções hollywoodianas, como Top Gun: Maverick (2022), quando disponibilizado nos streamings.

“Bem-vinda é a volta do cinema pós-pandemia, que ainda não recuperou totalmente o fôlego. Porém, o cinema brasileiro é completamente capaz de reverter esse cenário adverso se derem para gente o espaço que a gente merece, por fato, e de direito, além dos resultados provados nas salas de cinema”, crava o cineasta em entrevista ao Tapis Rouge. Halder também assina sucessos como Shaolin do Sertão (2016), Cine Holliúdy (2012) e Os Parças (2017).

Selo cearense de qualidade
Espectador e realizador do audiovisual há mais de duas décadas, Halder se diz orgulhoso em assistir a produções locais galgando espaços no cenário nacional. “Não sabemos o alcance do nosso trabalho, mas tenho certeza que ele inspira, cria possibilidades e atrai olhares. Assim como sonhava em fazer cinema ao ver o Rosemberg Cariry fazendo aquilo de um jeito mágico”, resgata. “Vejo o cinema cearense num momento muito potente, seja de bilheteria, de resultado nos festivais, de editais… Um cinema que, hoje, tem uma personalidade, um destaque no cenário nacional e que é referência”, aponta.

Alagoano radicado no Ceará há mais de duas décadas, Émerson Maranhão interpreta todas estas indicações como resultado da potência da produção local recente. “Para além dos filmes em si, estamos disputando como diretores, roteiristas, atores, diretores de fotografia… Acaba sendo uma vitrine muito privilegiada para a nossa cinematografia contemporânea”, atesta. Ele concorre à Direção Nacional pelo documentário Transversais, indicado também nas categorias de Melhor Documentário, Fotografia e Roteiro.
“Essas quatro indicações trazem o sentimento de que nossa proposta ao fazer o filme ecoou, rompeu fronteiras”, expõe o também diretor de Jornalismo do Grupo Otimista de Comunicação. “Sem falar no privilégio que é estar entre concorrentes tão qualificados e talentosos”, complementa.

Talento em família

Além de concorrer com o documentário A Jangada de Wells, o cineasta Petrus Cariry concorre a Melhor Fotografia pelos filmes Pequenos Guerreiros, dirigido pela irmã, Bárbara Cariry, e Os Escravos de Jó, do pai e também diretor, Rosemberg Cariry. “Particularmente, fico muito feliz com esse reconhecimento. Fotografei esses dois longas-metragens e tenho também uma colaboração na montagem. Eles sempre estão envolvidos nos meus projetos e eu nos projetos deles”, detalha Cariry.

Serviço 
Festival Sesc Melhores Filmes 
Votação aberta ao público até 28 de fevereiro
No site melhoresfilmes.sescsp.org.br

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