O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro retorna ao formato presencial amanhã (10), com dois cearenses entre os concorrente. Foi um Tempo de Poesia, de Petrus Cariry, é finalista na categoria de Melhor Curta-Metragem Documentário; Déo Cardoso disputa o título de Primeira Direção com o filme Cabeça de Nêgo. Confira o que eles dizem sobre as indicações e os processos de criação dos projetos
Thamy Cavalcante
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O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro chega à sua 21ª edição amanhã. Após três anos sendo realizado em São Paulo, e dois de forma virtual, o evento volta a ser presencial e sediado no Rio de Janeiro. Promovida pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais (ABCAA), a maior premiação do audiovisual nacional reúne 31 categorias com finalistas de diversas regiões do País. Do Ceará, Petrus Cariry, com Foi um Tempo de Poesia, disputa na categoria de Melhor Curta-Metragem Documentário, enquanto Déo Cardoso concorre ao título de Melhor Primeira Direção de Longa-Metragem, com o filme Cabeça de Nêgo.
Em sua categoria, Déo Cardoso disputa com Camila Freitas (Chão), Cesar Cabral (Bob Cuspe – Nós não gostamos de gente), Iuli Gerbase (A Nuvem Rosa), Madiano Marcheti (Madalena) e Wagner Moura (Marighella).
O cearense diz estar orgulhoso da nomeação. “Fiquei bastante surpreso, tendo em vista o número de longas-metragens maravilhosos lançados em 2021. Me lembrei do quão difícil e cheio de obstáculos foi todo o processo, do roteiro ao final, e acho que toda nossa equipe de produção, nosso elenco e as pessoas que acreditaram no projeto merecem muito essa indicação como finalistas”, comenta em entrevista ao O Otimista.
Cabeça de Nêgo
Após reagir a um insulto em sala de aula, Saulo (Lucas Limeira) é expulso da escola, mas recusa-se a sair da instituição. Enquanto ocupa as dependências do equipamento, usa as redes sociais para expressar seu descontentamento com a direção da escola. Em seus protestos, expõe o abandono e a solidão sofridos por ele e por outros estudantes, iniciando um movimento estudantil.
Déo revela que Cabeça de Nêgo, que está disponível no Globoplay, começou a ganhar forma em 2014, então com o título Já Basta, que contava a história de um jovem fã do movimento negro marxista revolucionário dos guetos estadunidenses nos anos 1960/70, chamado de “Panteras Negras”.
Inspirado no movimento, o garoto buscou trazer inclusão racial e pautas sociais para sua comunidade. “Em 2015 escrevi todo o roteiro, que passou a se chamar Guerra de Papel, com várias cenas numa escola e em algumas localidades do bairro onde moro [Jardim América, Fortaleza]. No mesmo ano, presenciei uma ‘guerra’ numa escola pública no meu bairro, entre estudantes e guardas municipais, e decidi reescrever o roteiro, concentrando a história dentro de uma escola secundarista”, completa.
Mesmo disputando em uma categoria de estreantes, Déo Cardoso possui outras obras no currículo. Após se formar em dramaturgia, o cearense fez mestrado em Cinema na Ohio University (EUA), onde realizou quatro curtas, sendo dois deles em película, como roteirista, diretor e editor. Ao final do curso, o cineasta decidiu retornar ao país de origem. “Espero muito conseguir fazer mais filmes questionadores, impactantes, engraçados e reflexivos, que conte histórias sobre as graças e as contradições de quem somos como povo”, pontua.
Foi um Tempo de Poesia
A partir de um material inédito, filmado em Super-8, o poeta Patativa do Assaré conta sobre sua vida e obra. A narração do diretor, Petrus Cariry, lança um olhar afetivo sobre seu padrinho, e mostra que o que fica são as memórias. A produção está disponível na Tamanduá TV e concorre com A Fome de Lázaro, Fogo Baixo Alto Astral, Mãe Solo e Yaokwa – Imagem e Memória.
Com um conteúdo tão pessoal e significativo, o cineasta confessa que esta indicação ao Prêmio tem significado especial em sua carreira. “É sempre bom receber a notícia que você foi indicado para algum prêmio, principalmente para um como o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. O curta indicado foi um que fiz uma entressafra entre dois longas e era um curta super despretensioso, bastante íntimo. Então é uma honra, um prazer, ser indicado”, disse, em entrevista ao O Otimista.
Petrus Cariry é um diretor, roteirista e fotógrafo renomado. O fortalezense dirigiu seu primeiro longa-metragem em 2007, com o filme O Grão, o início da Trilogia da Morte, seguido por Mãe e Filha (2011) e Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois (2015). Juntas, as três obras somam mais de 120 prêmios em festivais de cinema nacionais e internacionais.
Lançado em 2021, Foi um Tempo de Poesia segue o sucesso de sua filmografia. “Esse filme foi patrocinado pela primeira Lei Aldir Blanc, e foi um curta muito prazeroso de fazer. Foi feito durante a pandemia, e de alguma forma isso foi um alívio para mim, estar produzindo algo durante o isolamento. A obra foi lançada ano passado e já circulou bastante em festivais, inclusive ganhou alguns prêmios, como o Festival Internacional de São Paulo e o Festival Aruanda. Ele já foi exibido em Goiânia, no Rio de Janeiro, em Londres e em diversos outros locais”, revela.
A cerimônia de entrega do 21 Grande Prêmio do Cinema Brasileiro será transmitida ao vivo, a partir das 20h45min pelo Canal Brasil, na TV e no site (https://canaisglobo.globo.com/c/canal-brasil/)
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Assista ao trailer de “Cabeça de Nêgo”:
Serviço
21º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro
Amanhã (10), com transmissão ao vivo pelo Canal Brasil, às 20h45