Mauc abre as portas hoje (19) para mostra Imersão no Gênero Feminino, às 17 horas. Exposição busca traçar novos olhares sobre a mulher e o meio ambiente através de pinturas, litografias, desenhos, objetos, instalações em cerâmica e porcelana
Danielber Noronha
danielber@ootimista.com.br
Um olhar contemporâneo sobre a figura da mulher na sociedade. A natureza em seus processos evolutivos e de degradação do homem. A junção desses dois aspectos e como eles são afetados diretamente pelas estruturas sociais. É sobre estas problemáticas que se debruçam as artistas integrantes da mostra coletiva Imersão no Gênero Feminino, aberta hoje (19) para visitação do público, no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc). Abertura será às 17 horas e o acesso é gratuito. Exposição poderá ser visitada até o próximo dia 18 de fevereiro.
Com curadoria de Nathalie Nicolas, Imersão no Gênero Feminino se divide em dois ambientes. No primeiro, 24 artistas foram convidadas a confrontar as suas obras num diálogo em torno da questão da condição da mulher e do meio ambiente, construindo um paralelo entre as condições de exploração da natureza e a opressão sofrida pelos corpos femininos.
A exposição, segundo Nathalie, aborda a noção de ecofeminismo, que aponta e critica a vinculação entre a opressão patriarcal e a exploração destrutiva da natureza. “As produções artísticas apresentadas, portanto, têm a influência do ecofeminismo como uma cosmovisão que se enraíza nos países do Sul, território em que pesa especialmente sobre as mulheres a exploração econômica; onde o trabalho feminino em sua maioria é visto como improdutivo. Nessa exposição, finalmente, se entrecruzam as questões da exploração da mulher, da destruição ambiental e da dominação colonial e pós-colonial”, delimita a curadora.
Na segunda parte da exposição, intitulada Meu inventário Verde, apresenta-se uma seleção de fotografias, produção do grupo de fotógrafas Sol para Mulheres, com intuito de permitir apreciar a multiplicidade de interpretações para descrever as espécies vegetais que habitam o cotidiano das pessoas e que muitas vezes são ignoradas.
A mostra, adianta Nathalie, apresenta uma grande diversidade de meios de expressão, reunindo instalações de pinturas, litografias, desenhos, objetos, instalações em cerâmica e porcelana que incorporam representações da natureza.
Renascimento
A fotógrafa Beatriz Bley estará presente com três obras nos dois ambientes da mostra. Suas contribuições, adianta, passem pelo resultado de vivências pessoais. “Morei durante um período em um sítio onde houve um incêndio bem próximo. Aí entrei numa impressão sobre a natureza, o desgaste dela e a resistência após grandes momentos de estresse”, detalha. Foi a partir daí que surgiu uma das imagens presentes na mostra. “Acompanhei o processo de florescimento desse mesmo lugar seis meses depois e quero mostrar como ele se refez”, detalha Beatriz.
Quem também escolheu o fogo como tema central para as obras foi a artista Andréa Dall’Olio. “Vou apresentar pinturas com assemblage, onde trago a representação de um fogo até chegar nos processos de carbonização. Além disso, como processo de reflexão, apresento uma tapeçaria feita a partir de tecelagem manual, que passa de cinco metros de comprimento, onde falo de cicatrizes, rupturas. Ela inicia construída e vai se decompondo a partir do processo da chama”, comenta Andréa. Segundo ela, a tapeçaria é uma forma de resgatar o protagonismo da mulher na tecelagem manual. “O meu encontro com a tecelagem dentro dos processos artísticos é também um resgate do fazer feminino, mas dentro de uma visão contemporânea, que traz todas as minhas vivências enquanto mulher e a bagagem artística”, completa.
Serviço
Mostra Imersão no Gênero Feminino
Abre hoje (19) para visitação, no MAUC, a partir das 17h
Aberta ao público até 18 de fevereiro
Acesso gratuito