Estreia hoje no Brasil, Benedetta, o mais novo filme do diretor holandês Paul Verhoeven. O diretor levanta polêmica ao contar a história de uma freira lésbica na Itália medieval e ao mostrar bastidores do poder na Igreja
Émerson Maranhão
emerson@ootimista.com.br
Século XVII. Benedetta Carlini é uma freira italiana que faz parte de um convento na Toscana desde sua infância. Perturbada por visões religiosas e eróticas, Benedetta é assistida por Bartolomea, uma noviça que se torna companheira de quarto. A relação entre as duas se transformará em um romance conturbado, ameaçando a permanência das irmãs no convento.
Esta é a sinopse de Benedetta, novo filme do polêmico Paul Verhoeven (Elle, Instinto Selvagem), que entra em circuito comercial hoje no Brasil e por aqui é um dos destaques da Mostra Retroexpectativa, com seis exibições. Desde sua estreia no Festival de Cannes, o longa levanta acaloradas discussões – e também prêmios e indicações importantes.
Tamanha repercussão não é à toa. Verhoeven não poupa a Igreja Católica em seu mais recente trabalho, muito menos se intimida nas (muitas) cenas de sexo entre as belas Benedetta (Virginie Efira) e Bartolomea (Daphné Patakia). Ainda que a nudez das irmãs, os gemidos entre as paredes de pedra do convento e até o inusitado uso de uma estátua religiosa choquem parte considerável dos espectadores, é o olhar impiedoso que o diretor lança sobre a Igreja que há de incomodar plateias mais conservadoras.
A sordidez é senhora entre os clérigos representados no filme. Do núncio à madre superiora (Charlotte Rampling num desempenho estupendo), todos se movem por interesses financeiros imediatistas ou de poder a médio e longo prazos, quais discípulos de Maquiavel. A fé e a caridade inexistem em suas motivações. A própria protagonista é ambígua em suas motivações e métodos. Qualquer semelhança com o que vemos nos dias atuais em alguns segmentos religiosos certamente não será mera coincidência, daí o potencial de incômodo do filme.
Em tempo, Benedetta é baseado em uma história real. O roteiro é adaptado da pesquisa da historiadora inglesa Judith C. Brow, que se debruçou sobre os documentos relacionados ao julgamento de Benedetta Carlini, freira católica condenada por lesbianismo na Itália do século 17.
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Assista ao trailer do filme:
Serviço
Confira as sessões de Benedetta na Mostra Retroexpectativa
Amanhã, sexta, 14/1, 19h40min
23 de janeiro (domingo), 13h40min
26 de janeiro (quarta-feira), 15h
28 de janeiro (sexta-feira), 15h30min
30 de janeiro (domingo), 13h40min
2 de fevereiro (quarta-feira), 17h30min