Documentário celebra os 80 anos de Nara Leão retratando momentos importantes de sua trajetória

Estreia amanhã (7), no Globoplay, o documentário O Canto Livre de Nara Leão, retratando momentos importantes da trajetória da cantora, considerada musa da Bossa Nova. Luciano Almeida e Paula Tesser falam das contribuições de Nara à música brasileira

Se escolher lados políticos e levantar bandeiras de movimentos sociais pode ser sinal de “cancelamento virtual” nos dias de hoje, no Brasil da Ditadura Militar podia ser bem mais perigoso. Isto não foi suficiente para calar a voz de Nara Leão. A cantora capixaba se destacou, dentre outras coisas, por lutar pela liberdade e em prol das causas feministas no século passado. Talento também tinha de sobra, não à toa foi apelidada como “musa da Bossa Nova”, embora tenha se aventurado por tantos outros ritmos. Recortes marcantes da trajetória da artista poderão ser vistos a partir de amanhã (7), no documentário O Canto Livre de Nara Leão, lançado no Globoplay. Neste mês, no próximo dia 19, Nara estaria completando 80 anos se estivesse viva. Ela morreu aos 47 anos, vítima de um tumor cerebral inoperável.

Por meio de fotos e imagens da época, a série vai contar, em cinco episódios, os diferentes caminhos que Nara abriu na música brasileira, incluindo a elegância da Bossa Nova, o show Opinião, o sucesso da música A Banda, além do garimpo de novos compositores. Cada episódio, com 20 minutos, terá como fio condutor um movimento musical protagonizado por Nara, mas carregará também todo o universo que orbitava em volta da cantora nos respectivos momentos.

Olhar aguçado 
Segundo o jornalista e crítico musical Luciano Almeida, ela foi fundamental em toda sua trajetória e segue como referência para outras cantoras até hoje. “Nara foi primordial para lançar novos compositores, como Chico Buarque”, ressalta. Além disso, acrescenta, Nara se mostrou uma mulher à frente do seu tempo. “Se qualquer artista prestar atenção, vê como ela se antecipava, criava modas, tinha um olhar criterioso, sabia enxergar qualidades em novos compositores e dar texturas a um repertório standard. Ela lapidava uma canção em um diamante super lindo”, define Almeida.

O fato de ela ter se aproximado de compositores nordestinos no início dos anos 1980, de acordo com o crítico, é um exemplo de tais qualidades. Em vida, Nara trabalhou com nomes como Fausto Nilo, Moraes Moreira, Geraldo Azevedo e Robertinho do Recife. “É uma pena que ela faleceu precocemente. Se viva fosse, teria feito muito mais pela música brasileira”, pontua Almeida.

Inspiração na vida
Nara demonstrava ser um misto de doçura e força. Quem dá essa definição é a cantora Paula Tesser, fã de carteirinha do trabalho de Nara. “A vejo como uma artista que nunca se assentava em um grupo ou estilo, ela estava sempre buscando novas conexões”, acrescenta. Parte da admiração veio também das histórias que ouvia Fausto Nilo contar sobre ela. “Meus olhos brilhavam, acho que queria ser ela”.

A admiração é tanta que Paula decidiu dar o nome da cantora à filha. “Meu pai me ofertou, em 2002, A Onda Que se Ergueu no Mar, livro do Ruy Castro. Ele traz uma breve biografia de grandes cantoras brasileiras desse período. E lá estava a história de vida de Nara. O nome da minha primeira filha surgiu desse livro. Além disso, minha obstetra, de origem árabe, contou que Nara significa centelha, faísca. Achei que seria bom minha filha portar essa luz, com inspiração de Nara Leão”, resgata. Paula imagina também que ela ajudou a inspirar muitas outras mulheres. “Ao cantar, ela expressava sua ética de vida, a sociedade que almejava e defendia”, completa.

Serviço
O Canto Livre de Nara Leão
Estreia amanhã (7), no Globoplay
Série documental em cinco episódios

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