Em meio ao surto de casos provocado pela variante H3N2 da influenza e da disseminação da variante Ômicron da covid-19, O Otimista reúne análises de infectologistas que podem ajudar a identificar sintomas das duas doenças, além das maneiras corretas de prevenção
Danielber Noronha
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O Ceará e o Brasil têm experimentado, desde o último trimestre, um crescimento no número de casos de gripe, principalmente relacionados ao vírus influenza A do subtipo H3N2. Este cenário se torna mais preocupante uma vez que os sintomas desta infecção são semelhantes aos da covid-19, que, por sua vez, se fortalece com a disseminação da variante Ômicron, detentora do status de transmissão comunitária em várias partes do País, incluindo Fortaleza. Tal panorama dificulta o diagnóstico e faz surgir dúvidas sobre formas de prevenção e tratamento adequado em ambas as situações.
Segundo a médica infectologista Sylvia Lemos Hinrichsen, na prática, é muito difícil distinguir, mas uma das alternativas é se atentar ao tempo de progressão dos sintomas. “No caso da gripe por influenza H3N2, já se observam sintomas mais intensos nas primeiras 72 horas, enquanto na covid-19, o quadro costuma agravar a partir do quinto dia de sintomas”, compara. Contudo, pondera, isto depende de fatores como idade e comorbidades pré-existentes.
Em se tratando da gripe, o paciente costuma apresentar febre alta com início agudo, tosse, cefaleia, constipação nasal, inflamação na garganta e dores articulares. Já no caso da covid-19, os primeiros sintomas costumam ser tosse seca, febre, fadiga, perda de paladar ou olfato, falta de ar e dificuldade para respirar. Em ambos os casos, é possível evoluir para complicações como pneumonia.
Grupos de risco
Consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sylvia explica que os grupos de risco são os mesmos para as duas infecções. “Pessoas que têm comorbidades como hipertensão, diabetes, doenças prévias e imunodepressão, estão susceptíveis a terem formas graves de qualquer infecção, assim como idosos e crianças”, elenca.
De acordo com Keny Colares, consultor em Infectologia da Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), o tratamento em casos de gripe é simples. “Com medicação para febre, dor; fazer limpeza do nariz com soro fisiológico para manter as vias aéreas limpas; tomar bastante líquido; e repouso. Isso costuma resolver a situação da maior parte das pessoas”. Contudo, alerta o especialista, a prescrição de medicamentos deve ser sempre avaliada por um profissional de saúde. Caso os sintomas persistam, tanto para covid-19 ou influenza, o indicado é procurar a unidade de saúde mais próxima para atendimento especializado.
Segundo o Ministério da Saúde, o período de incubação do vírus H3N2 é de três a cinco dias, contados a partir da manifestação dos sintomas. Porém, também é possível que uma pessoa tenha a doença de forma assintomática. Nos dois cenários, o paciente também pode transmitir a doença. O período de transmissão em crianças é de até 14 dias, enquanto nos adultos é de até sete dias. Ainda de acordo com a pasta, a maior propagação do vírus pode ter relação com a baixa cobertura vacinal contra a gripe e com a flexibilização das medidas de restrição e prevenção adotadas contra a covid-19.
Prevenção
Doutora em Medicina Tropical, Sylvia reforça que as medidas de barreira de proteção não farmacológicas são as que têm maior impacto na prevenção contra tais doenças, uma vez que a forma de transmissão é a mesma: por vias respiratórias. Entre as precauções, estão evitar aglomeração; utilizar corretamente a máscara; manter ambientes ventilados e o isolamento das pessoas que estão com algum sintoma respiratório.
O Brasil possui vacinas que protegem contra o vírus influenza em seus tipos A e B. Contudo, elas não são específicas para o subtipo H3N2, que está atingindo o País. De acordo com o Instituto Butantan, maior produtor de vacinas para a gripe do Hemisfério Sul, a previsão é de que a vacina para H3N2 chegue ao Brasil a partir de março de 2022.
Mais
Previna-se contra as síndromes gripais:
– Cubra sempre o nariz e boca ao tossir ou espirrar (use lenços descartáveis ou o braço);
– Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, copos, toalhas, etc;
– Lave as mãos frequentemente com água e sabão ou use álcool em gel 70%;
– Evite ambientes fechados e aglomerações;
– Use máscara e evite tocar nos olhos, nariz e boca;
– Evite contato próximo com pessoas que apresentam sintomas gripais;
– Se você ainda não tomou a vacina da gripe, procure a Secretaria de Saúde do seu município para saber onde se vacinar;
Fonte: Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa)