A vida em isolamento, perigos extremos ao sair de casa, amores distanciados. Parece a descrição do cotidiano da maioria dos cidadãos em tempos de pandemia de covid-19, mas não. Esse é o resumo em poucas palavras do filme Amor e Monstros, novidade desta semana do catálogo da Netflix, que concorre ao Oscar 2021 na categoria efeitos visuais.
O filme se soma às várias produções cinematográficas gravadas antes de 2020 que pareciam prever a vida em isolamento que o mundo passaria a ter com a pandemia. Na trama, boa parte da população do planeta é dizimada após produtos químicos usados para explodir um asteroide caírem na atmosfera terrestre e causarem mutações nos animais de sangue frio (insetos, répteis, peixes e anfíbios).
As poucas pessoas que sobrevivem precisam morar em colônias subterrâneas, numa espécie de bunker. Uma delas é Joel Dawson (Dylan O’Brien), um jovem que, durante os ataques de animais mutantes perde os pais e se separa da namorada, Aimee (Jessica Henwick), que passa viver em uma colônia a 136km de distância de onde o rapaz está.
Depois de sete anos vivendo como o único solteiro de seu bunker, Joel consegue contactar a namorada de adolescência através de um rádio e, mesmo diante do perigo iminente fora da vida subterrânea, ele decide ir atrás do seu grande amor. “A primeira coisa que amei sobre o personagem é que ele ainda era uma criança por dentro”, afirma O’Brien. “Ele essencialmente teve seu desenvolvimento como jovem adulto atrofiado, de certa forma, por causa do apocalipse, e acaba passando anos cruciais da idade adulta dentro do bunker”.
Segundo o ator, o personagem o fascinou pela sua bondade. “Ele só quer ser um herói e ter amor, o que é muito humano. Acho que, quando o mundo está ameaçado de terminar e você pode morrer a qualquer momento, você aspira essas coisas. E eu amei ver esse garoto completamente normal basicamente ligar o foda-se e atravessar uma terra pós-apocalíptica para ter sua última chance de amor”, disse o ator.
Para reencontrar seu amor, Joel precisa superar seus medos para enfrentar criaturas gigantes como caranguejos, aranhas e sapos. Essa jornada ele passa a fazer ao lado de Boy, um cão que o garoto encontra solitário em um trailer e que passa a ser seu companheiro de aventura. “Nunca havia contracenado com um cachorro antes”, diz o ator. “Amei, era incrível como ele era inteligente. Nunca perdemos nenhuma cena por causa dele, ele estava sempre na marca e com seus latidos prontos (risos)”, brinca o protagonista.
No caminho, Joel conta ainda com a ajuda de outros sobreviventes como ele: um estranho homem mais velho e sábio (Michael Rooker) e uma criança esperta (Ariana Greenblatt), que parecem ser mais experientes que o jovem no quesito sobrevivência.
Reconhecimento
Sucesso de crítica nos Estados Unidos, Amor e Monstros parece ter fisgado aos especialistas exatamente por não focar apenas naquilo que lhe rendeu indicação ao Oscar (cuja cerimônia virtual está agendada para o dia 25): os efeitos especiais, consequentemente, os monstros. Críticos especializados têm elogiado a produção pela capacidade do diretor de Michael Matthews de equilibrar a aventura com a comédia, dando destaque, principalmente, à humanidade dos personagens.
Para O’Brien, no entanto, ver o trabalho da equipe de efeitos especiais sendo reconhecido é motivo de orgulho. “Foi maravilhoso ter os nossos efeitos visuais reconhecidos”, diz o ator. “Ficamos muito orgulhosos. Adoraríamos ter podido estrear o filme nos cinemas, obviamente, mas como não foi possível isso foi muito bacana. Já trabalhei algumas vezes com o Matt Sloan [o responsável pelos efeitos], então fiquei feliz por ele e por toda a equipe envolvida.” (Com informações de Vitor Moreno/Folhapress)