Memorialista Nirez estreia na internet versão de seu tradicional programa de rádio

Neste domingo (6), às 18h, o Cineteatro São Luiz exibe o vídeo “Arquivo de Cera: de programa de rádio para a internet”, projeto do jornalista e memorialista Nirez, em que transporta para vídeo o modelo do seu programa de rádio veiculado desde 1963

Texto:Naara Vale
naaravale@ootmista.com.br
Foto: Igor de Melo/Divulgação

Uma vida dedicada à formação de memórias. Mais de cinco décadas levando aos ouvintes do rádio cearense causos e fatos históricos registrados na música popular brasileira. Cinquenta e sete anos depois de criar o programa de rádio “Arquivo de Cera”, o jornalista e memorialista Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez, agora experimenta um novo formato para falar da música brasileira gravada em discos de 78 rotações por minuto.

Neste domingo (6), às 18h, Nirez estreia o projeto “Arquivo de Cera: de programa de rádio para a internet”, no qual transporta para vídeo o modelo do seu programa transmitido aos domingos pela Rádio Universitária FM. Nele, o jornalista apresenta músicas e tece comentários sobre o contexto histórico delas, assim como de seus compositores e intérpretes. A edição especial do programa será exibida pelo Cineteatro São Luiz, no site e no canal do Youtube do equipamento, como parte da convocatória Arte em Rede, realizada pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult).

No vídeo inédito gravado do próprio celular e editado pelo filho, Nirez apresenta seis músicas que cantaram fatos históricos mundiais. “Na rádio, sempre aproveito datas de nascimento ou de morte de compositor ou do intérprete e faço o programa todo em cima disso. Quando não tem uma efeméride, eu faço programas temáticos e esse é um deles”, conta o jornalista, que é também historiógrafo e colecionador.

Segundo ele, o vídeo tem aproximadamente 25 minutos, diferente da uma hora de programa de rádio. “Eu faço a abertura, como faço normalmente no rádio, e comento tudo o que eu sei sobre a música”, explica. A ideia de experimentar o novo formato veio durante a pandemia de covid-19, durante a qual, segundo ele, está preso em casa. “Só falta a tornozeleira eletrônica”, brinca.

Museu em eterna formação

Os dias em casa, no entanto, não têm impedido Nirez de continuar criando memórias. “Tenho feito alguma coisa: fiz esse programa, fiz um histórico contando sobre a história da gravação ao longo do tempo”, relata. Além disso, o colecionador segue no eterno ajuntamento de coisas que falem sobre o passado, que tragam para o presente um pouco da história do Ceará e do Brasil. Nesse processo, já são pelo menos 141 mil itens que compõem seu acervo, segundo o último levantamento realizado há três anos.

De lá para cá, muitos outros itens já se somaram aos instrumentos musicais, gramofones, fonógrafos, discos, máquinas fotográficas, filmadoras, fotografias, livros, rótulos, peças publicitárias e discos, muitos discos que guarda numa espécie de museu da imagem e do som montado na própria casa. Só desses últimos já são cerca de 22 mil itens, a maioria deles discos de 78 rotações por minuto.

Aos 86 anos, Nirez é um arquivo vivo da história e da cultura cearense e brasileira. Seu material é considerado o maior acervo particular do Brasil. Algo que, se depender dele, não vai parar de crescer. “Enquanto estiver me mexendo, continuo guardando. Você sabe que eu tenho uma doença incurável, né? Velhice! Quanto mais o tempo vai passando, mais velho vou ficando e mais vou guardando”, diz com bom-humor, que, de acordo com ele, é o segredo para manter esse HD impressionante que é a sua própria memória.

Serviço:
“Arquivo de Cera: de programa de rádio para a internet”, de Nirez
Quando: domingo (6), às 18h
Onde: https://www.cineteatrosaoluiz.com.br/ YouTube https://www.youtube.com/c/CineteatroSãoLuizFortaleza

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