
Nascida em terras de Alencar, Andréa de Castro Brandão leva o escritor em seus genes paternos. Também tem como bisavô materno Antônio de Castro Vidal Barbosa, sócio-fundador de uma memorável Associação literária de Fortaleza, a Padaria Espiritual. Muitas vezes escreveu sobre o pseudônimo de Sanhassu.
Mora na avenida que olha e beija o mar e é dali que escreve inspirada pelo movimento da rua e do astro solar. Viaja muito e também se inspira em cada mudança e novidades que encontra em suas andanças. Diz que há noites que só consegue dormir depois de escrever as rimas e versos que se formam em sua mente. “Preciso registrar, descarregar a ideia. Caso contrário , não consigo desligar a mente”.
Andrea presenteia os leitores do Tapis Rouge com três poemas em que fala de amor, solidão e da capital cearense. Confira:
Poeta
Poeta é ser que vive
Suspirando por uma dor
Não que poeta queira sofrer,
Mas o doer é inspirador
Mas é o amor? -Podem, então, me questionar
Amor não vale para inspirar?
Ora, me diga, quem tem tempo para escrever quando está a amar?
Vou te dar um exemplo
Para você entender
Porque a dor do poeta o leva a escrever:
O rapaz espera pela moça
Ou a moça pelo rapaz
Mas quando a espera é longa
E já não há mais como a desculpar
Chega a inspiração do poeta
Pela sofrência do escusar
E na dor que varre a noite
Escorregam no papel caneta,
Borracha …
Lágrimas a manchar!
O doer que , na hora, virou arte
Me inspira e depois reparte
Os versos que escrevi pra vc.
Para te provar que no amor não há arte
Mas há, no sofrer
(27/11/17)
Fortaleza
Daqui do alto do meu apartamento
Eu vejo umas poucas pessoas na Avenida beira Mar
O calçadão outrora lotado,
Segue agora resguardado
Àqueles que querem se aventurar
Nessa manhã observo o mar agitado
Jangadas paradas, mas com pescadores ao lado.
Trabalham isolados por dias e noites frias.
Depois retornam fiéis, com o nosso sagrado pescado
As escunas vazias me remetem
A uns passados e, não distantes dias
Onde turistas embarcavam
No pequeno cruzeiro, cheios de
Curiosidades e alegrias
Usavam coletes alaranjados que lhes poderiam salvar as vidas
Remediadas àquela hora, pela possibilidade ali a ser vividas.
As crianças se extasiavam ao pular
De jangadas atracadas a poucos metros da praia
Depois nadavam frenéticas em
Competições , mas nessa enorme piscina sem raia
Seus gritos ecoavam e me faziam sentir seus corações
O bater acelerado daqueles que vivem emoções
Mas agora , as ruas estão semi vazias
Apenas o barulho de uma moto no seu exagero ao acelerar
As pessoas trancadas em casa
E aflitas, para esse vírus não se propagar.
Nossa cidade leva esse nome Fortaleza
E é o que precisamos nos tornar
Hoje fortes , amanhã sobreviventes
Com os braços despidos e abertos
Prontos para , novamente, voltarmos a abraçar
(23/03/2020)
Sozinha
Quando parece que estou sozinha
Lá no alto vejo olhos
Um coração pulsante espiando
E bem atento ao meu andar .
Eu achando estar sozinha
E Meu Deus a me espiar!
Quando eu solucei baixinho
Bem quietinha para ninguém me escutar
Logo vi meu Deus coletando
Minhas lágrimas no seu olhar
Colocou elas todinhas no seu odre
Só para me consolar!
Quando o meu coração doía
Com as incertezas do dia a dia
Logo eu sentia
O Meu Deus a me orientar
Eu mudava de direção e já sentia a alegria
Logo após a Ele orar
Quando as dores da ansiedade
Maltratavam a minha paz
Eu sentia um vento no cabelo
Como um beijo na minha face
E logo tinha a certeza
Que tudo ia passar
Porque eu sei, Meu Pai,
Que o Senhor nunca vai me abandonar!
(16/12/17)






















