Cecília Andrade apresenta a série “Corpocasa”, produzida durante a pandemia

A artista visual Cecília Andrade é a entrevistada desta quinta-feira da série “Arte em Isolamento” e fala sobre a série “Corpocasa”, que vem desenvolvendo durante a pandemia

Emanuel Furtado
emanuelfurtado@ootimista.com.br

Os dias têm sido de mudança na vida da artista visual, arquiteta e agora professora universitária Cecília Andrade. Além da adaptação à quarentena, período em que vem criando a série “Corpocasa”, ela agora reside em Salvador, onde lecionará aulas na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Cecília é quinta entrevistada da série “Arte em Isolamento”, em que O Otimista apresenta o trabalho de artistas plásticos produzidos durante a pandemia

“A série surgiu de forma muito orgânica e está sendo explorada enquanto fizer sentido para mim discutir essas questões de cuidado, de escala e das relações casa-corpo-cidade-mundo”, explica ela, cujas últimas obras produzidas foram feitas no traslado para a nova moradia.

Sobre suas obras e a inspiração para compô-las, Cecília relata que vem trabalhando com o “signo casa”, que assume uma forma convencional através de desenhos em grafite sobre papel e em fotografias.  “Eles surgem dessas pesquisas sobre representação de arquitetura e suas diversas ‘funções’, de aproximações entre arte e arquitetura e conversam com uma tradição da fotoperformance. No desenho, especialmente, há um exploração de situações de dubiedade causadas pelas projeções axonométricas, que fazem confundir distâncias, volumes. Nas fotografias, a aproximação com o pensamento Hundertwasser (Friedensreich, artista e arquiteto austríaco) é mais clara”, explica a artista visual.

Ela diz que admira os “artistas-artífices”, que têm disciplina na produção e na projeção de seus trabalhos. “Mas eu não funciono dessa forma. Minha produção é intensa e esporádica e nem sempre persegue questões que se ordenam facilmente de forma linear. Funciono muito mais em rompantes”.

Cecília informa que antes da pandemia vinha estudando sobre representações de arquitetura ao longo da história, na forma de modelos e desenhos desde a antiguidade. “Essas representações ancestrais não eram maquetes, no sentido que conhecemos, mas objetos rituais. Apareceram como bandejas de oferendas, em sua maioria, emulando casas. Quando a covid-19 apareceu o distanciamento social se impôs, veio o #ficaemcasa. Minha poética sempre teve a ver com a cidade, com a rua, o caminhar, e, agora, me via confinada.”, explica a artista visual.

O despertar pela arte

Cecília Andrade conta que passou a se entender como artista, quando fez o mestrado em Artes, na Universidade Federal do Ceará (UFC). “Foi onde desenvolvi uma prática de caminhar com uso de um aplicativo, o ‘Excursão Pajeú’, que depois virou exposição”. Antes, ela diz que tinha uma produção em desenho e em cerâmica e havia participado de algumas mostras.

A artista visual fala que tem interesse em artistas que pensam o espaço e a cidade “e pelas práticas de caminhar como forma de arte ou anti-arte desde os dadaístas, surrealistas e situacionistas. Na atualidade, volto meu olhar para artistas e ativistas que trabalham dentro de um viés de arte para lugares específicos, arte útil e artivismo”.

 

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