Amanhã (29) comemora-se o Dia Internacional da Dança, uma das artes mais antigas e democráticas de que se tem notícia. Para celebrar a data, o dançarino e coreógrafo Tiago Ribeiro indica espetáculos de diversas vertentes que podem ser conferidos na internet
Emanuel Furtado
emanuelfurtado@ootimista.com.br
ma das manifestações mais antigas do mundo, a dança nasceu com o desenvolvimento da civilização, associada à sobrevivência, à cura e também como forma de agradecimento e celebração. Ao longo dos séculos, o que era rito tornou-se arte. Democrática, acima de tudo. “É uma manifestação que todo mundo pode fazer, sem necessariamente precisar de absolutamente nada, só do corpo e qualquer tipo de corpo. Então a dança já me toca nessa qualidade democrática que ela é. Qualquer um pode se mover, com limitações ou não, e dançar. É uma arte que não precisa de mediação para você ver, realizar. E nem precisa também do encadeamento de raciocínio lógico para você ser afetado por ela”, avalia o dançarino e coreógrafo cearense Tiago Ribeiro, mestre em Dança e doutorando em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
“Para ele, que é mestre em Dança e doutorando em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é uma arte que não precisa ser necessariamente compreendida. “Claro que existem espetáculos que têm uma narrativa que você entende uma história, como nos balés de repertório, que têm uma história com começo e um fim, uma princesa que é salva, enfim, Mas isso não é a dança, isso é parte dela. Não se faz necessário o entendimento lógico para apreciar um objeto de dança. O mais importante é como aquilo que a gente vê vibra no nosso corpo. Então, acho que dança é vibração em quem dança e em quem assiste. Pode ou não vibrar”, explica.
Amanhã (29), comemora-se o Dia Internacional da Dança. Como sugestão aos nossos leitores que estão em isolamento social, Tiago Ribeiro selecionou quatro trabalhos de natureza diferentes “e que têm muito a ver com o nosso tempo”. De primeira, indica O Lamento da Imperatriz, filme dirigido pela coreógrafa, dançarina, pedagoga de dança e diretora de balé alemã Pina Baush. “Pouca gente conhece. Alguns até sabem que ela dirigiu um filme que, inclusive, tem pedaços dele montando o filme Pina, do Win Wenders. Eles faziam juntos e ela morreu, mas ela tinha autorizado as imagens desse filme que foi dirigido por ela”, conta. O longa do diretor alemão, por sinal, integra o catálogo da Amazon Prime Video.
Feito no final da década de 1970 pela dançarina, coreógrafa e cineasta dos Estados Unidos, Yvonne Rainer, Trio A é outra dica do dançarino. “Acho ele muito importante para chegarmos aos pensamentos atuais sobre dança. Sobre desconstrução de cena e sobre detalhamento de movimento”.
Tiago também garimpou e indica a performance Jovem Negro Vivo na Maré, criada pela Lia Rodrigues Companhia de Dança. “Foi uma performance que a Lia Rodrigues organizou a pedido da Anistia Internacional. Outro que selecionei foi o vídeo dança (Violin Phase) da Anne Teresa de Keersmaeker, com música do Steve Reich, que eu acho muito chique, muito bem realizado e lindo de ver. Acho sublime!”, destaca ele.
Confira alguns links de espetáculos de dança para curtir na internet durante a pandemia:
O Lamento da Imperatriz, de Pina Baush- https://bit.ly/3aJAU0y
Trio A, de Yvonne Reiner – https://bit.ly/2W1bjLw
Jovem Negro Vivo na Maré, da Lia Rodrigues Companhia de Dança – https://bit.ly/2Sd22Ph
Violin Phase, de Anne Teresa de Keersmaeker – https://bit.ly/2VYq4i2
Bailarinos da Ópera de Paris – https://bit.ly/2Sc34ep
Corpos Esquisitos, Centro de Investigación y Estudios Corporales – https://bit.ly/2VL4zCF
Solidariedade aos artistas
Uma das categorias mais afetadas com a chegada da pandemia foi a classe artística brasileira. Em Fortaleza, muitos desses artistas estão se reunindo através de suas redes de apoio para arrecadar dinheiro que serão destinados ligados ao universo das artes, como dançarinos, bailarinos, atores, cantores, coreógrafos, técnicos produtores, entre outros.
“Estamos recebendo demandas de todas as áreas, de pessoas que estão com a necessidade de pagar alguma conta, de ir buscar algo, com remédios, gás, comida. Esses profissionais precisam muito de alimentos e ainda existem as outras necessidades que vão aumentando na medida desse tempo que está passando e estamos parados. É uma iniciativa muito bacana”, destaca a coreógrafa, bailarina e atriz Silvia Moura, que faz parte da rede Unidos Venceremos.
Sobre o Dia Internacional da Dança, a “bordadeira e militante da cultura”, como também se intitula, lembra que a data sempre foi comemorada ao longo dos últimos anos em diversos locais do Ceará, como Fortaleza, Cariri, Paracuru e Itapipoca. “Nesse ano em que não vamos poder estar na rua, nem fazer apresentações, nem visitar espaços por conta desse momento delicado, é muito importante que as pessoas lembrem da dança, lembrem dos bailarinos, dos coreógrafos, dos diretores, das pessoas que vivem dela e comemorem com a gente essa dedicação. Muitos de nós tem uma vida inteira de dedicação à dança”.
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Para contribuir com a rede Unidos Venceremos: https://www.facebook.com/emcrise/posts/2873071696062802






















