Geralmente visto apenas como um acessório, os óculos escuros são uma forma de proteger os olhos contra raios ultravioletas. Usar óculos sem proteção pode trazer uma série de prejuízos, como câncer, catarata e fotofobia
Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
Mais do que um acessório, os óculos escuros são uma forma de proteção para os nossos olhos. Pensar apenas na estética e no preço pago por eles pode ser perigoso para a visão a longo prazo. Apesar disso, a desinformação sobre os reais perigos ainda é grande. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Ópticas, no Brasil, são fabricados 24 milhões de óculos, dos quais 7 milhões são falsificados. Uma pesquisa do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), realizada em 2018, aponta que o setor óptico é o quinto no ranking dos mais afetados pelo mercado ilegal.
Catarata, câncer de pálpebra e degeneração na retina são apenas algumas das doenças que podem ser causadas pelo uso contínuo de óculos sem película protetora contra a radiação dos raios ultravioleta UVA e UVB. “Se você coloca os óculos escuros, o cérebro entende que está em um ambiente mais escuro, então ele dilata a pupila – que controla a entrada de luz no olho – para que você enxergue melhor e os raios entram com mais facilidade”, explica o oftalmologista Rafael Marques, professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Segundo ele, entre usar óculos sem proteção e não usar nenhum óculos, a indicação é ficar sem nada. “É melhor não usar porque a pupila fecha e protege a sua retina naturalmente. Claro que quem está de óculos se sente mais confortável, mas os raios estão entrando e danificando os tecidos”, alerta o médico.
Um dos problemas causados pela falta de proteção é a fotoxicidade, ou seja, toxicidade da visão pela luz em excesso nas células da retina, a camada do olho que é conectada ao cérebro. “O problema pode causar uma baixa visual importante e, às vezes, irreversível. A exposição ao sol pode causar também um tipo de inflamação na córnea que se chama ceratite, que deixa o olho vermelho e com muita dificuldade para abri-lo (chamada fotofobia). Também pode causar manchas na pele da pálpebra”, enumera o oftalmologista Thiago Leite.
Qualidade da lente
Embora as lentes cinzas e marrons estejam entre as mais procuradas pelo público pelo conforto que oferecem à visão, Thiago Leite explica que a escolha da cor da lente não influencia no fator de proteção do olho. “O que importa é o filtro que se coloca nos óculos, independente da cor dele. A cor é mais questão de estética”, destaca.
Enquanto alguns óculos de marcas conhecidas vendidas em lojas próprias podem chegar a R$ 500 (alguns de grife ultrapassam os R$ 1.000), óculos vendidos em camelôs custam em torno de R$ 20 a R$ 30. Além de armações de plástico, os baixos custos resultam de lentes também de plástico pintadas, ou seja, sem nenhum filtro de raios UVA e UVB.
Para ter certeza de que você está protegido, em alguns consultórios médicos, existem aparelhos que conseguem detectar se os óculos escuros possuem ou não o filtro contra os raios UV. No entanto, ficar atento à qualidade e ao local onde você compra seus óculos já é uma forma de se proteger.






















