Desmistificando o crossfit

Febre no mundo inteiro, o crossfit é um método de treinamento que mescla três tipos de modalidades esportivas e trabalha diversas valências do corpo como resistência, força, equilíbrio e coordenação. Conheça mais

Texto: Naara Vale  
naaravale@ootimista.com.br
Foto: Edimar Soares

Wod, thruster, metcon, pistol, clean & jerk, snatch… Os nomes e siglas em inglês dão ideia de como o crossfit ainda é uma “modalidade esportiva” recente pelo Brasil. O nome, na verdade, se refere a um método de treinamento criado pelo americano Greg Glassman, ao qual o chamou de CrossFit e registrou como marca. Hoje já são mais de 14 mil espaços, ou boxes, pelo mundo, negócio que movimenta cerca de US$ 4 bilhões por ano, segundo estimativa de 2015 da Forbes. No Brasil, o primeiro box de crossfit foi aberto em 2009. Só em Fortaleza, já podem ser contabilizados pelo menos 30 deles, embora nem todos utilizem a marca em seus nomes, podendo ser encontrado também sob o nome de “crosstraining”.

O método pode ser definido como um treinamento funcional de alta intensidade, com treinos constantemente variados, que mistura três tipos modalidades diferentes. Um deles é o metcom – que é o condicionamento metabólico -, nele está incluso a bicicleta, remo, corrida e o trabalho cardiorrespiratório. Os outros são o levantamento de peso olímpico (LPO), e a ginástica olímpica, que engloba os movimentos suspensos e os movimentos de cabeça para baixo. “A gente mescla os três tipos de treinamento e, dentro deles, trabalha resistência cardiorrespiratória e muscular, força, flexibilidade, potência, agilidade, equilíbrio, coordenação e precisão”, explica a headcoach da Bullet CrossFit, Luiza Amélia.

Crossfit para todos

Se praticado com responsabilidade e respeitando as particularidades de cada indivíduo, o crossfit não tem restrições de idade. “Pessoas de qualquer idade que não tenham restrições, seja cardiológica ou biomecânica, podem realizar. O principal é fazer uma avaliação de pré-participação para prática do esporte que não é só para o crossfit, mas para toda atividade física é recomendada”, ressalta Diogo Rolim, mestre em Ciências do Esporte e Atividade Física e ortopedista da clínica Qorpo.

Segundo o médico, estudos científicos mostraram que os índices de lesões entre praticantes de crossfit não são tão elevados quanto se imaginava. “O crossfit não é um esporte perigoso. Estudos recentes mostram que as lesões reincidentes no crossfit são até menores do que em outros esportes como futebol, polo aquático e outros esportes de contato”, pontua. Conforme o ortopedista, as lesões mais frequentes são no ombro (22%), joelho (16%) e coluna lombosacra (12%), com incidência maior em homens.

Para evitar as temidas lesões, a preparação do corpo para receber uma carga maior de exercícios é fundamental. “O crossfit é intenso, mas você não começa intenso. Você vai passar um, dois meses de adaptação, seu corpo vai se acostumar, ligamento, tendão, musculatura…  A partir dessa base bem feita, você vai começar a evoluir, aumentar carga. Se respeitar isso, pode fazer crossfit a vida toda e não se lesionar”, ensina o coach Thyerre Cavalcante.

Morri, mas passo bem

Sempre pratiquei esportes. Comecei na natação, joguei vôlei durante oito anos, fiz musculação, treinamento funcional, corrida com assessoria, pilates e voltei para a musculação, onde tento estar atualmente. Sempre tive curiosidade de conhecer o crossfit, mas muito medo de lesões e de voltar a sentir dores na lombar. Ontem, resolvi fazer minha primeira aula. Sempre acompanhada pelo professor, fiz a maior parte dos exercícios, alguns adaptados ao meu nível de iniciante. Levantei os pesos possíveis para a minha capacidade, corri o tanto que o coração aguentou, me pendurei em corda o tempo que a mão suportou.

Estaria exagerando se dissesse que senti a sensação de quase morte, mas também seria mentira dizer que não cansei. Cansei, e foi muito. Mas saí da aula com a certeza de que crossfit não é só para os saradões musculosos, e a lesão, que pode acontecer em qualquer modalidade, vai depender muito mais da minha postura, do profissional que eu escolher e da consciência de que minha saúde vem antes de qualquer ânsia por um corpo perfeito ou pelo primeiro lugar em competição de boxes. (Naara Vale)

 

 

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