Diogo Nogueira comanda a primeira edição de 2020 do projeto Santo Samba, nesta sexta-feira (10), na barraca Santa Praia. No repertório, os maiores sucessos do cantor e compositor
Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
Em um universo musical tão diversificado e cheio de protagonistas como o do samba, tornar-se uma voz inconfundível é proeza de poucos. Para quem conhece e curte o gênero, a voz grave de Diogo Nogueira é uma dessas difíceis de confundir – a não ser que seja o pai, João Nogueira, entoando o samba. Foi dele que Diogo herdou o timbre, o DNA sambista, o fascínio pelo futebol, o amor pela Portela e a possibilidade de crescer em meio a grandes mestres que formaram sua identidade musical. Diogo é a atração principal da primeira edição de 2020 do projeto Santo Samba, nesta sexta-feira (10), a partir das 21h, na barraca Santa Praia, na Praia do Futuro.
No repertório do show em Fortaleza, o músico apresentará os maiores sucessos de sua carreira, como a mais recente “Pé na Areia”, “Fé em Deus”, “Espelho”, “Tô Fazendo a Minha Parte” e “Clareou”, além resgatar músicas que marcaram a história do samba. “Vai ser uma festa linda para quem gosta de samba, e para quem aprecia esse ritmo tão importante para a nossa cultura”, define o cantor, em entrevista ao O Otimista.
Nascido em meio às rodas de samba cariocas, Diogo Nogueira seguiu os passos do pai e iniciou sua carreira como cantor há 11 anos, com a responsabilidade (e o privilégio) de carregar o sobrenome de um dos maiores cantores e compositores música nacional. Sua influência musical vem de “um time da pesada”, como ele define nomes do calibre de Beth Carvalho, Martinho da Vila, Clara Nunes, Clementina de Jesus e Cartola, que, ao lado de João Nogueira, movimentaram a cena musical brasileira com o projeto Clube do Samba, na década de 1970.
Apesar das inspirações e da influência óbvia do pai, ele acredita que está traçando seu próprio caminho. “Vivemos em uma outra época e, mesmo sendo influenciado por todos esses sambistas, acredito que hoje a gente faça um samba diferente, um samba que traz também outras influências. Mas nossos mestres são eles. Nas músicas deles que diversos outros sambistas que vieram depois se inspiraram”, diz o cantor.
Com algumas indicações ao Grammy Latino e mais de um milhão de cópias de CDs e DVDs vendidas, Diogo tem mostrado cada vez mais sua identidade, apostando, principalmente, em composições autorais. Em 2017, ele lançou o disco “Munduê, álbum inteiramente autoral, no qual, segundo os críticos, Diogo deu uma virada de mesa e mostrou sua evolução ao longo dessa primeira década de carreira.
Para 2020, além de ser o anfitrião do projeto Clube do samba, no Rio de Janeiro, em homenagem aos 20 anos de morte de João Nogueira, Diogo se prepara para lançar novos projetos. “Eu vou gravar um DVD no Rio, chamado Samba de Rua, trazendo a sonoridade das rodas de samba, do samba feito na rua, na batucada, na linguagem do povo”, conta.
O Otimista – Neste mês de janeiro você está comandando o projeto Clube do samba, no Rio de Janeiro, em homenagem aos 20 anos de saudades do seu pai, João Nogueira, que foi um dos fundadores do Clube. Você cresceu em meio aos membros do clube, das festas promovidas por eles, vendo as rodas de samba… Qual o tamanho da influência do Clube do Samba na sua carreira? O samba que você faz hoje seguiu exatamente os passos do samba que você ouvia desta época ou você acha que conseguiu criar seu próprio estilo de fazer samba?
Diogo Nogueira – O Clube do Samba foi um movimento sensacional criado pelo meu pai com todos os grandes sambistas brasileiros. Inicialmente tinha o propósito de defender o espaço do samba nas rádios, e na defesa de locais e casas de shows para os sambistas se apresentarem ao vivo. Era o final da década de 70, quando a discoteca chegou com força total, e ao invés de shows aos vivos, as casas de show estavam começando a ter apenas música mecânica. Depois o Clube do Samba se tornou um local de shows e de integração dos sambistas. Era um time da pesada com Beth Carvalho, Martinho da Vila, Clara, Clementina de Jesus, Cartola, nossa, muita gente boa. Vivemos em uma outra época e mesmo sendo influenciado por todos esses sambistas, acredito que hoje a gente faça um samba diferente, um samba que traz também outras influências. Mas nossos mestres são eles, e foram nas músicas deles que diversos outros sambistas que vieram depois se inspiraram.
O Otimista – Além da influência óbvia do seu pai na sua música, quais outros artistas te influenciaram ou influenciam?
Diogo Nogueira – Todos os nomes que citei antes, e essa lista é enorme, tem ainda o Chico Buarque, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, que são sambistas da mais alta patente.
O Otimista – Como você vê a produção musical atual? Seguimos fazendo música boa?
Diogo Nogueira – Precisamos entender cada época, as modas, os movimentos musicais e os artistas que fazem sucesso em diferentes momentos. Sempre existiu música boa e também música ruim, descartável, rasa, sem conteúdo. O povo gosta daquilo que chega para ele. Se as TVs e rádios só apresentam músicas de gosto duvidoso, o público acaba consumindo e se identificando. Mas se derem acesso a cultura de qualidade, a poesia com conteúdo, o povo também vai curtir. Acho que essa responsabilidade é de todos nós, de quem faz música e de quem promove a cultura nos veículos de massa.
O Otimista – Por muito tempo você apresentou o Programa Samba da Gamboa, onde levou ícones do samba e apresentou muita gente nova também que só é conhecida dentro da cena do samba carioca. Como foi essa experiência? Surgiram muitas parcerias desses momentos?
Diogo Nogueira – O Samba na Gamboa foi um programa que me trouxe muitas alegrias. Gravamos sete edições, em mais de 200 programas, e com mais de 2.000 músicas gravadas e apresentadas ao longo dos últimos anos. Tivemos alguns dos maiores artistas brasileiros, e inclusive artistas que não são considerados sambistas. Foi uma experiência incrível para mim, artisticamente e mesmo de vida. Me aproximei de muitos artistas e conheci o trabalho de grandes artistas que vieram de outros estados e que eu ainda não tinha muita intimidade. O samba tem isso, ele aproxima as pessoas. A gente se reconhece no samba.
O Otimista – Você vai apresentar algum projeto novo para homenagear estes 20 anos de partida do João Nogueira? O que teremos de novidade para 2020?
Diogo Nogueira – Estamos com muitos projetos para 2020. Eu vou gravar um DVD no Rio, chamado SAMBA DE RUA, trazendo a sonoridade das rodas de samba, do samba feito na rua, na batucada, na linguagem do povo. Estamos também fazendo shows do Clube do Samba, como a temporada atual, aos domingos na Varanda do Vivo Rio, onde recebo convidados e matamos um pouco da saudade, nesses 20 anos sem meu amado pai João Nogueira.
O Otimista – E para esse show de Fortaleza, o que você preparou? O repertório será de algum disco específico?
Diogo Nogueira – Vamos fazer uma festa linda do Santa Praia. Fico feliz de poder voltar a Fortaleza, nesse primeiro samba do ano, em um evento chamado Santo Samba. Vou cantar um repertório com sucessos da minha carreira e também sucessos da história do samba. Vai ser uma festa linda para quem gosta de samba, e para quem aprecia esse ritmo tão importante para a nossa cultura.
SERVIÇO | EDIÇÃO:
“SANTO SAMBA” COM DIOGO NOGUEIRA
Quando: sexta-feira (10), às 21h
Onde: Barraca Santa Praia, Praia do Futuro
Valores:
Frontstage R$60 (meia)
Mesa Prata (4 lugares): R$400 (meia)
*R$100 por cadeira. Mesa com 4 lugares e possibilidade de acrescentar 2 cadeiras.
Mesa Ouro (4 lugares): R$600 (meia)
*R$150 por cadeira. Mesa com 4 lugares e possibilidade de acrescentar 2 cadeiras.
Vendas online: www.ingressando.com.br
Pontos de venda físicos: Lojas Laser Clínica e Barraca Santa Praia
Mais informações: 85 3052.9900 | 85 98773.7330