A entrada de gigantes como Amazon, Apple e Disney no mercado de streaming ameaça a hegemonia da Netflix. Altos investimentos em produções originais ofertam ao público um catálogo cada vez mais vasto
Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
Desde que foi lançada, em 2007, a Netflix reinou quase que absoluta no mercado de streaming. Outras plataformas foram lançadas depois disso, mas nenhuma empresa ainda chegou perto de bater a marca dos quase 158 milhões de assinantes ostentados por ela atualmente. A entrada de players fortes no setor, principalmente ao longo deste ano, ameaça acabar com a hegemonia da veterana e deu início a uma verdadeira guerra de streamings.
Apesar de já oferecer assinaturas de serviços de vídeos e música anteriormente, a gigante do comércio virtual Amazon resolveu investir pesado no segmento de streaming com sua Amazon Prime Video. Além de apostar em preços mais baixos, cobrando R$ 9,90 pela assinatura básica mensal – menos da metade do valor cobrado pela Netflix (R$ 21,90) -, a Prime Video apostou em produções próprias e títulos exclusivos que já lhe rederam bons frutos.
No Emmy 2018, “The Marvelous Mrs. Maisel”, criada em seus próprios estúdios e exibida com exclusividade pela plataforma, foi premiada como “Melhor Série de Comédia”. A grande aposta da Amazon, no entanto, é a série baseada no universo de “O Senhor do Anéis”, de J.R.R. Tolkien, que tem previsão de estreia para o fim de 2020. Para isso, desembolsou US$ 250 milhões só no licenciamento da obra e prevê gastos de US$ 1 bilhão na produção das temporadas – já são duas garantidas.
Foi também acreditando no poder de títulos exclusivos que a Netflix conquistou seu espaço. A cada ano, bilhões de dólares são gastos em filmes e séries originais. Exemplos de sucesso são “Stranger Things”, que já conta com três temporadas; e o filme “Roma”, de Alfonso Cuarón, vencedor de três Oscar, incluindo “Melhor Diretor”. Sua mais recente superprodução é “O Irlandês”, de Martin Scorsese. Com Robert De Niro,Al Pacino e Joe Pesci no elenco, a produção consumiu investimentos de US$ 159 milhões.
Apple no páreo
Vislumbrando um terreno fértil, a Apple também entrou na briga. No início de novembro, ela lançou em mais de 100 países, incluindo o Brasil, a Apple TV +, que já nasce com a vantagem de seu aplicativo ser previamente instalado nos produtos vendidos pela empresa. Com uma assinatura básica mensal de R$ 9,90, a plataforma chegou ao mercado apostando em grandes estrelas para protagonizarem seus títulos exclusivos. A série original “The Morning Show”, por exemplo, é tida como carro-chefe do serviço e traz no elenco Jennifer Aniston (eterna Rachel, de “Friends”), Reese Witherspoon e Steve Carell.
Além de oferecer produções licenciadas, a Apple TV+ promete investir cada vez mais na criação de conteúdos próprios. Para isso, já alocou US$ 1 bilhão. Nomes como o da apresentadora Oprah Winfrey e do roteirista Steven Spielberg também já figuram no seu time de estrelas.
Disney vem aí
Até então interagindo com o streaming apenas como produtora de conteúdo, a Disney decidiu tomar as rédeas das suas produções e ingressou também no mercado lançando a Disney +. O serviço estreou nos Estados Unidos no início de novembro e está previsto para chegar ao Brasil em 2020, com um aporte estimado em US$ 30 bilhões.
A expectativa da plataforma é, até 2024, alcançar entre 60 e 90 milhões de assinantes. Para isso, tem a seu favor um rico catálogo, que inclui os filmes da Marvel, Pixar e produções originais como “The Mandalorian”, da franquia Star Wars, que rendeu um investimento de US$ 100 milhões. Somente no dia de seu lançamento, a Disney+ atraiu 10 milhões de assinantes.
No fim desta guerra, quem sai ganhando é o espectador. Além da concorrência segurar os preços das assinaturas, sites especializados estimam que cerca de 800 novas séries de TV estejam sendo produzidas no momento pelos principais serviços internacionais de streaming, como Netflix, Disney, Amazon e Apple. A previsão é que nos próximos12 meses, muitas novidades estejam chegando às plataformas.
Globo não quer ficar de fora
A Rede Globo é, de longe, quem mais investe em streaming no Brasil, inclusive com produções exclusivas para o Globo Play. A maior rede de TV do País deve investir cerca de R$ 1 bilhão em 2020, com foco em conteúdo e tecnologias. De acordo com a empresa, 25 milhões de pessoas acessam o seu conteúdo por mês, o que a coloca em segundo lugar no ranking nacional, atrás apenas da Netflix.
Para o próximo ano, estão previstas 16 novas produções originais, com destaque para “Desalma”, estrelada por Cláudia Abreu; e “Onde Está Meu Coração”, com Letícia Colin no elenco.
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